História, perguntado por dayanedesouzaal1393, 1 ano atrás

Leia o texto a seguir.

A expropriação do tempo
Na Antiguidade e na Idade Média, apesar do nível técnico inferior, o tempo de produção diária, semanal ou anual era bem menor que no capitalismo. Como a religião tinha primazia sobre a economia, o tempo das festas e dos rituais religiosos era mais importante do que o tempo da produção; havia inúmeros dias feriados, que foram em boa parte abolidos na esteira da modernização. Além disso, as sociedades agrárias da velha Europa caracterizavam-se por enormes disparidades sazonais no volume de atividades. As épocas mais quentes do ano concentravam tarefas, legando para a população camponesa um inverno relativamente calmo, utilizado muitas vezes para a celebração das festividades privadas de que nos dão notícia algumas canções populares.
A população artesã das cidades era menos estruturada pelas diferenças sazonais, mas em compensação seus dias de trabalho nas oficinas eram reduzidos. Documentos britânicos do século XVIII relatam que os artesãos livres trabalhavam somente três ou quatro dias por semana, segundo a vontade e a necessidade. Era costume prolongar o final de semana segunda-feira adentro. A história da disciplina capitalista é também a história da luta encarniçada contra essa “segunda-feira” livre, que só aos poucos foi eliminada.
[...] Mas o objetivo da produção, mesmo com meios modestos, não era um fim abstrato como hoje, mas prazer e ócio. Esse conceito antigo e medieval de ócio não deve ser confundido com o conceito moderno de tempo livre. Isso porque o ócio não era uma parcela da vida separada do processo de atividade remunerada, antes estava presente, por assim dizer, nos poros e nos nichos da própria atividade produtiva.
[...] Num sistema de identidade entre produção, vida pessoal e cultura, aquilo que talvez hoje nos pareça formalmente uma jornada de trabalho de 12 horas não significava 12 horas de atividade tensa, sob o controle de um poder econômico objetivado. Esse tempo de produção era atravessado de momentos de ócio; havia, por exemplo, longas pausas, sobretudo para o almoço, que se estendiam por horas de refeição comunitária. [...]
(KURZ, R. Folha de S.Paulo, 3 jan. 1999. p. 5).

a) O texto afirma que, na Antiguidade e na Idade Média, “a religião tinha primazia sobre a economia”. Explique essa afirmação, considerando o modo como o tempo era utilizado nas diversas atividades.
b) Segundo o texto, o ócio nas sociedades anteriores ao capitalismo era diferente do tempo livre das sociedades atuais. Qual é essa diferença?
c) De que maneira você emprega seu tempo livre? Procure perceber relações entre essa experiência e o mundo contemporâneo.

Soluções para a tarefa

Respondido por negrusmagister
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a) Na Antiguidade e na Idade Média, diante de uma cultura de subsistência em sua maioria, o povo tinha que gastar tempo nos cultos e nas celebrações religiosas, muito mais do que em "ganhar algum dinheiro ou comprar algum bem". Daí essa prevalência da religião sobre a economia.

b) Como o tempo do ócio era, quase sempre, um período de descanso entre as tarefas fossem rurais ou em meios de produção nas cidades, essa ideia estava incorporada à atividade produtiva de um modo consolidado. Hoje, com a desconexão do ato de "ganhar dinheiro" dos outros atos do dia, há uma ideia de "tempo parado" que não se iguala ao ócio daqueles tempos.

c) Quando podemos organizar, um bom uso do tempo livre é o de preparação intelectual ou de lazer. Ler, jogar, privar da companhia de alguém que tem os mesmos planos, viajar a conhecer lugares novos, silenciar diante da natureza, apenas para ouvir os muitos ruídos que nos passam despercebidos durante a semana, seriam bons exemplos de uso do tempo livre. As atividades em grupo, em igrejas e clubes também cumprem esse papel.
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