Filosofia, perguntado por karolinecrotti, 9 meses atrás

Leia o seguinte texto de Descartes:

Mas que sei eu, se não há nenhuma outra coisa diferente das que acabo de julgar incertas, da qual não se possa ter a menor dúvida? Não haverá algum Deus, ou alguma outra potência, que me ponha no espírito tais pensamentos? Isso não é necessário; pois talvez seja eu capaz de produzi-los por mim mesmo. Eu então, pelo menos, não serei alguma coisa? Mas já neguei que tivesse qualquer sentido ou qualquer corpo. Hesito, no entanto, pois que se segue daí? Serei de tal modo dependente do corpo e dos sentidos que não possa existir sem eles? Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; não me persuadi também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu existia sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre, enfim, concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 57).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento cartesiano, é correto afirmar:



1>Para Descartes, uma proposição só pode ser considerada verdadeira se for elaborada com base nas impressões sensoriais.

2>A dúvida metódica, segundo Descartes, deve colocar em xeque o conhecimento, jamais as opiniões, as sensações ou os pensamentos.

3>Para Descartes, somente podem ser aceitas como verdadeiras as proposições que se apresentarem à razão como indubitáveis.

4>Descartes demostrou no argumento do cogito (“Penso, logo existo”) que a experimentação é o critério para determinar se uma proposição é verdadeira ou falsa.

5>Ao dizer que tudo pode ser posto em dúvida, exceto a própria existência, Descartes afirma que não há verdades absolutas.

Soluções para a tarefa

Respondido por EduardoPLopes
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É correta a alternativa 3.

Descartes não acreditava que os sentidos, sozinhos, seriam capazes de revelar a verdade, já que os sentidos podem nos enganar (podemos ter ilusões ou sonhos, por exemplo).

Acreditava, então, que a filosofia segura só poderia tomar por base a razão, e a razão só poderia tomar por ponto de partida ideias que não pudessem ser postas em dúvida (que não dependessem dos sentidos, portanto, e que não rompessem com as leis da lógica), ideias que ele chamava de claras e distintas, sendo a existência do ser pensante uma destas proposições.

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