Leia o início da crônica “Grande Edgar”, de Luis Fernando Verissimo, para responder às questões 1 e 2.
Já deve ter acontecido com você.
– Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir.
Um, o curto, grosso e sincero.
– Não.
Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa a ninguém, meu caro. Pelo menos, não entre pessoas educadas. Você devia ter vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem.
[...]
VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias da vida privada: 101 crônicas escolhidas. 34. ed. Porto Alegre: E&PM, 2000. p. 80.
Esta crônica é uma narrativa:
A
fantástica, pois relata um acontecimento de modo ambíguo, causando dúvida sobre sua veracidade.
B
maravilhosa, pois o leitor sabe que a situação vivida pela personagem não é real, mas inventada pelo narrador.
C
realista, pois relata uma situação constrangedora comum, que poderia acontecer com qualquer pessoa.
D
cômica, pois explora a falta de verossimilhança (absurdo) para provocar a reflexão e o riso do leitor.
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Resposta:
C
realista, pois relata uma situação constrangedora comum, que poderia acontecer com qualquer pessoa.
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