Filosofia, perguntado por joycevandresen, 9 meses atrás

Leia atentamente os fragmentos abaixo.

A - A ideia de que a ciência pode e deve ser governada de acordo com regras fixas e universais é simultaneamente não realista e perniciosa. É não realista, pois supõe uma visão por demais simples dos talentos do homem e das circunstâncias que encorajam ou causam seu desenvolvimento. E é perniciosa, pois a tentativa de fazer valer as regras aumentará forçosamente nossas qualificações profissionais à custa de nossa humanidade. Além disso. A ideia é prejudicial à ciência, pois negligencia as complexas condições e físicas e históricas que influenciam a mudança científica. Ela torna a ciência menos adaptável e mais dogmática...
B - Nas leis dos fenômenos consiste realmente a ciência, à qual os fatos propriamente ditos, em que pese à sua exatidão e o seu número, não fornecem mais que o material indispensável. Ora, considerando a destinação constante destas leis, pode-se dizer, sem exagero algum, que a verdadeira ciência, longe de ser formada por simples observações, tende sempre a dispensar [...] a observação direta, substituindo-a por esta previsão racional que constitui [...] o principal caráter do espírito positivo [...] Assim, o verdadeiro espírito positivo consiste sobretudo em ver para prever, em estudar o que é a fim de concluir disso o que será, segundo o dogma da invariabilidade das leis naturais.
Pautando-se nas passagens supracitadas, assinale as alternativas corretas:



O fragmento B reflete as ideias de Augusto Comte, expoente do positivo, pois indica que o positivismo se afasta do empirismo ao propor que “quando se conhece os fenômenos por suas relações constantes de concomitância e de sucessão — isto é, pelas leis — admitindo daí a possibilidade de previsão racional...” (SIMON, 1999)



O fragmento A caracteriza o pensamento de Thomas S. Kuhn, a Teoria dos paradigmas, pois, ao final, remete para a historicidade e para as mudanças científicas (ciência revolucionária), indicando que “... os relatos tradicionais da ciência, fosse indutivista ou falsificabilista, não suportam uma comparação com o testemunho histórico.” (CHALMERS, 1993)



Ambos os fragmentos refletem ideias da fenomenologia de Edmund Husserl, pois demonstram "... que há uma diferença de direito entre a psicologia, ciência empírica dos fatos do conhecimento, e as ciências normativas puras, como a teoria do conhecimento e a lógica.” (CHAU, 1988).



O fragmento A reflete as ideias do Anarquismo epistemológico, de Paul Feyerabend, que “critica as posições positivistas ao considerar as metodologias normativas não são instrumentos de descobertas e defende o pluralismo metodológico.” (ARANHA E MARTINS, 1993)



Ambos os fragmentos remetem ao falsificabilismo, de Karl Popper, pois “... desvia o foco da atenção dos méritos de uma ciência isolada para os méritos relativos de teorias concorrentes." (CHALMERS, 1993)

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Respondido por elamambretti
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Sobre os fragmentos de texto:

O fragmento A reflete as ideias do Anarquismo epistemológico, de Paul Feyerabend, que “critica as posições positivistas ao considerar as metodologias normativas não são instrumentos de descobertas e defende o pluralismo metodológico.

O texto A é de Feyerabend. Devemos compreender em Feyerabend, o anarquismo como oposição  declarada a uma única, absoluta e imutável instituição de um procedimento metodológico fixo e restrito, com regras que se pretendam utilizáveis em toda e qualquer situação, capaz de legitimar incondicionalmente o fazer científico, colocando-o como horizonte final para qualquer  campo que se pretenda conhecimento.

Não se trata, entretanto, de  refutar toda e qualquer possibilidade de método, mas de reconhecer que estes têm limitações e que, de uma forma geral, as mais diferentes tradições  culturais podem contribuir, de um modo ou de outro, para a atividade científica.

O texto B é de Comte. Os fundamentos do positivismo consistem na busca de uma explicação geral diante  de um fenômeno. Como ciência, se baseou no modelo de investigação comum às ciências empíricas particulares,  com vistas a “descobrir as regras que governam a sucessão e a coexistência dos  fenômenos”.

Para Comte, só existiria verdadeiramente ciência no caso de os fenômenos  permitirem, a partir da observação das relações e de suas manifestações, antever os  desdobramentos futuros. A previsão, portanto, criaria a possibilidade de se perceber com  alguma antecedência as etapas da evolução histórica.

Bons estudos!

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