Lanterna Mágica Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria ao escarafunchar um engradado com os presentes do Dia da Criança. Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias. O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria. A privação é a medida do desejo de cada um, na vida. Houve um tempo em que as oportunidades de presente resumiam-se a duas: aniversário e Natal. Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá. O desejo dos meninos, da classe média para cima, é impreciso, vago, incapaz de provocar uivos de alegria quando satisfeito. Já vivi minhas privações. Nunca pude ter bicicleta, por exemplo, nem bola de futebol, nem espingarda de rolha. Tivemos, eu e meus irmãos mais velhos, simulacros: revolverzinho de espoleta, bola de borracha, triciclo comunitário. Bolas de borracha, sabe-se, não formam craques. Triciclos não permitem ousadas temeridades. Talvez por isso, sem traquejo, eu tenha sido um perna-de-pau e um tímido. Quem sabe. (…) Entretanto, o que se tornou para mim algo mais perto de uma maravilha foi uma lanterna de pilhas. Nunca tinha visto uma, a não ser no cinema e nas histórias em quadrinhos. Não sei, talvez considerasse aquele objeto coisa de ficção científica, não da realidade. Quando vi uma, manipulada por meu primo mais velho, já homem, o Zezé, na mesma casa do meu avô, foi um deslumbramento. Brilhava, niquelada, era uma daquelas de quatro pilhas. Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde eu quisesse foi mágico. A partir desse momento nada superou, nos meus sete anos, a beleza daquele facho de luz. E o poder (…). Ângelo, Ivan. “O comprador de aventuras”. São Paulo: Ática, 2003. 3) no último parágrafo do texto, o autor narra os seus sentimentos quando conheceu uma panterna de pilhas, a q chamou de lanterna mágica . identifique a expressão que ele empregou para se referir ao momento em que, de fato manuseou a lanterna
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
"Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde eu quisesse foi mágico. "
Perguntas interessantes
Química,
5 meses atrás
Filosofia,
5 meses atrás
Física,
5 meses atrás
História,
6 meses atrás
Matemática,
6 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás