Ladrão/formigueiro Gatuno, larápio, falsário Lotando o cenário, botando já pelo ladrão Levou o pertence do otário Que é como ele chama o pacato, seu concidadão Aqui nessas bandas tá assim de ladrão Aqui nessas bandas tá assim de ladrão Aqui nessas bandas tá assim de ladrão Aqui nessas bandas tá assim... O que rouba escondido, o que sai foragido O que superfatura, mas jura que não O mais "falcatrua" tá solto na rua Com cheque, medida de proteção Ladrão de gravata, ladrão de casaca Ladrão de maleta assaltando a nação Ladrão bumerangue é ladrão de palanque Ninguém mais aguenta, ladrão de ladrão Ladrão, ô ô Punguista, vigário, corsário Farsante, notário com notas da contravenção Ladrão com sigilo bancário Bandido de toga, ladrão que dá voz de prisão Irmão trambiqueiro, partiu pro estrangeiro Lavar o dinheiro da congregação Com toda essa lama abalando a estrutura Cadê a viatura pra tanto ladrão? Pra começo de conversa estão com grana e pouca pressa "Nêgo" quebra a dentadura mas não larga a rapadura "Nêgo" mama, se arruma, se vicia e se acostuma E hoje em dia tá difícil de acabar com esse ofício. Tanto furo, tanto rombo não se tapa com biombo Não se esconde o Diabo deixando de fora o rabo E pros "homi" não tá fácil de arrumar tanto disfarce De arrumar tanto remendo se tá todo mundo vendo LINS, I.; VILEROY, T. A cor do pôr do sol. Abril Music, 2008. A composição anterior, integrante do cancioneiro popular nacional, reflete o contexto social brasileiro do momento em que foi escrito, o qual, aliás, guardava grande semelhança com o atual. Os autores lançam mão de uma série de recursos linguísticos e rítmicos que tornam a denúncia pretendida mais criativa. A análise da progressão temática do texto permite a identificação a) das palavras "gatuno", "larápio", "falsário" como constituintes de uma gradação, estabelecendo diferentes qualificações para as pessoas criticadas. b) da palavra "ladrão", que aparece pela primeira vez no segundo verso, sendo repetida com o mesmo valor semântico ao longo de todo o texto. c) do verso repetido na segunda estrofe como exemplo o emprego do registro coloquial da língua, inadequado ao gênero textual de que se trata. d) das expressões "ladrão de gravata" e "ladrão de casaca" como uma alusão a ladrões de diferentes níveis sociais. e) da frase "ladrão que dá voz de prisão", como uma tradução da perplexidade reinante, com o emprego de uma construção paradoxal.
Soluções para a tarefa
A análise da progressão temática do texto permite a identificação:
e) da frase "ladrão que dá voz de prisão", como uma tradução da perplexidade reinante, com o emprego de uma construção paradoxal.
> A frase "ladrão que dá voz da prisão" remete à corrupção policial, ou seja, a policiais que agem como bandidos. Assim, temos um paradoxo que descreve a complexidade da situação retratada na música.
Os outros itens estão errados porque:
a) "gatuno", "larápio", "falsário" estabelecem as mesmas qualificações para as pessoas criticadas.
b) A palavra "ladrão" tem diferentes sentidos ao longo do texto.
c) O registro coloquial da língua é adequado ao gênero textual de que se trata, visto que é uma letra de música.
d) "ladrão de gravata" e "ladrão de casaca" fazem alusão a ladrões de mesmos níveis sociais, no caso, ladrões da classe alta.