introdução de performance o e happening
Soluções para a tarefa
Allan Kaprow foi um dos criadores do happening, que intencionou estender
as fronteiras da arte. Para tanto, propôs o trânsito livre entre a vida e a arte e desenvolveu sua obra com a intenção de integrar todos os elementos que a constituem, e que segundo eles são “gente, espaço, materiais específicos e a característica do ambiente, do tempo. Então, o último vestígio da convenção teatral desaparece.” (KAPROW apud SCHECHNER, 1994 p.10). A espetacularização da vida, a fenomenologia tomada como obra de arte passa a constituir a cena artística. O artista é a engrenagem dessa espetacularização. O homem é o centro do universo, diz Yves Klein, quando, tomando como obra, se apropria do céu, do mundo, das salas de exposições, do observador que lhe empresta a própria urina, colorida de azul.
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O artista marca o seu próprio corpo e o de outros, e deles surgem as mutilações como metáforas das barreiras que separam o indivíduo do mundo. A body art surge em meados dos anos 1950, passa a ser reconhecida na década seguinte e tem seu período grandioso nos anos 1970. Mas o reconhecimento do corpo do artista como obra não se encontra apenas na linguagem da performance, pois as artes tradicionais acabam absorvendo, para dentro de sua estrutura, o conteúdo pessoal do artista.
Os atores do Living Theatre se apresentam, em cena, como realmente são no cotidiano: Judith Malina é Judith Malina quando interpreta Antígona. Gerald Thomas se afirma em uma cena autoreferente, encenando suas memórias estéticas, seu próprio teatro, sua voz onipresente e suas interferências como se estivesse organizando atores e fazendo ajustes enquanto o público assiste, em recurso semelhante ao utilizado por Tadeusz Kantor, que também se colocava em cena e também se autoreferenciava em encenações de suas memórias.
Em um happening, a participação do público com risos, assovios, passeios, palavras, olhares, insultos, agressões são transformados em espetáculo. A vida é transformada em espetáculo, e a arte é suplantada pela vida. Kaprow, Pollock e Cage representam os fundadores e instigadores desta ampliação de fronteiras entre vida e arte., Ao almejar a integração total entre o público atuante e o texto, ao propor um espetáculo vivo, improvisado, de roteiro frágil, o happening oscilava entre obra de arte e vida, e o público tornava-se, ele próprio, o produto e o produtor. Assim a experiência artística se aproximava rapidamente do que se entendia por vida, instaurando, em sua estrutura, a casualidade como principio criativo, e por consequência, os valores estéticos eram rechaçados e o acontecimento desaparecia enquanto arte.
eu amo artes