Português, perguntado por wfabricioleao, 1 ano atrás

(INSPER, 2012)
A lógica do humor

Piada racista termina com polícia em casa de shows. É engraçado gozar de minorias? Até onde se pode chegar para fazer os outros rirem? Aliás, do que rimos?
De um modo geral, achamos graça quando percebemos um choque entre dois códigos de regras ou de contextos, todos consistentes, mas incompatíveis entre si. Um exemplo: "O masoquista é a pessoa que gosta de um banho frio pelas manhãs e, por isso, toma uma ducha quente".
Cometo agora a heresia de explicar a piada. Aqui, o fato de o sujeito da anedota ser um masoquista subverte a lógica normal: ele faz o contrário do que gosta, porque gosta de sofrer. É claro que a lógica normal não coexiste com seu reverso, daí a graça da pilhéria. Uma variante no mesmo padrão é: "O sádico é a pessoa que é gentil com o masoquista".
Essa "gramática" dá conta da estrutura intelectual das piadas, mas há também dinâmicas emocionais. Kant, na "Crítica do Juízo", diz que o riso é o resultado da "súbita transformação de uma expectativa tensa em nada". Rimos porque nos sentimos aliviados. Torna-se plausível rir de desgraças alheias. Em alemão, há até uma palavra para isso: "Schaden Freude", que é o sentimento de alegria provocado pelo sofrimento de terceiros. Não necessariamente estamos felizes pelo infortúnio do outro, mas sentimo-nos aliviados com o fato de não sermos nós a vítima.
Mais ou menos na mesma linha vai o filósofo francês Henri Bergson. Em "O Riso", ele observa que muitas piadas exigem "uma anestesia momentânea do coração". Ou seja, pelo menos as partes mais primitivas acham graça em troçar dos outros. Daí os inevitáveis choques entre humor e adequação social.
Como não podemos dispensar o riso nem o combate à discriminação, o conflito é inevitável. Resta torcer para que seja autolimitado. Não deixaremos de rir de piadas racistas, mas não podemos esquecer que elas colocam um problema moral.

Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 16/03/2012.

O primeiro parágrafo apresenta uma das formas clássicas de introdução de um texto de caráter argumentativo, porque contém resumidamente elementos essenciais ao desenvolvimento das ideias do autor. Esses elementos, presentes em “A lógica do humor”, podem ser definidos como:


A) uso de perguntas retóricas – emprego de contra-argumentação.

B) registro de testemunho histórico – exemplificação do problema.

C) relato de fato notório – delimitação do tema por meio de questionamentos.

D) declaração de natureza subjetiva – enumeração de subtemas.

E) afirmação da autoridade do enunciador – apresentação do problema.

Soluções para a tarefa

Respondido por 21lorraine
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Provavelmente é letra  C)

dintga: Exatamente, opção C é a correta
Respondido por cecilliaorofino
0

Resposta:

Letra C.

Explicação:

A alternativa C é correta porque o autor inicia o texto com o relato de um fato que considera evidente e de conhecimento público, para, em seguida, delimitar o assunto por meio da formulação de perguntas.

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