História, perguntado por cleonobre, 1 ano atrás

indique as formas de resistência Inca contra os espanhois

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Respondido por janepvh
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O contato dos europeus com a região inca iniciou-se por volta de 1522, quando surgiram as primeiras informações sobre os povos do `Birú`. Liderados por Francisco Pizarro e Diego Almagro, os espanhóis passaram vários anos errando pela região antes de encontrarem indícios que reforçassem suas crenças a respeito da presença de metais preciosos. Indícios estes, que levaram Pizarro a retornar à Espanha, em 1528, onde solicitou permissão para empreender a conquista do `Peru`. Autorizada pela Coroa, a expedição partiu para o Novo Mundo em 1531 e, dois anos depois, conseguiu chegar à capital do Tawantinsuyu (Império dos quatro cantos), onde o líder indígena Atahualpa é aprisionado e, mesmo após o pagamento de grandes quantidades de ouro como forma de resgate, é executado.

A velocidade com que os poucos europeus derrotaram os incas e a pequena resistência inicial destes já foram explicadas como fruto da superioridade das armas européias. No entanto, este processo é mais complexo e a resposta assim proposta muito parcial. Uma série de outros elementos devem ser considerados, entre eles a `dessacralização` de Atahualpa e a luta pela sucessão do trono inca.

Com a morte de Huayna Cápac (décimo primeiro Inca, responsável pela expansão do Império), em 1529, dois de seus filhos começaram a disputar o cargo: Huáscar, chefe da região de Cuzco, e Atahualpa, de Quito. Embora uma historiografia marcada pelo eurocentrismo tenha explicado esta disputa segundo os princípios de `legitimidade` de um e `bastardia` de outro, de fato as disputas deste tipo, em que vários `pretendentes` ao poder se batiam a fim de definir quem seria o próximo governante, tinham sido correntes na história dos incas.

Diante dos conflitos, os espanhóis decidiram apoiar o líder cuzquenho, o que lhes garantiu o apoio de milhares de indígenas que tinham sido favoráveis a seu rival, Atahualpa. Ao analisarem a queda do Império Inca, Serge Gruzinski e Carmen Bernand afirmam que: `a facilidade com a qual os espanhóis venceram esta batalha pode parecer incompreensível. É certo que os peruanos não travaram combate, enquanto os conquistadores estavam a seu alcance (...) Incontestavelmente, a ajuda dada por certos caciques aos conquistadores, as divisões entre os dois incas e a lembrança das invasões cuzquenhas, encorajaram algumas etnias se não a se unir aos invasores, pelo menos a não impedir seu avanço. Os espanhóis dispunham de armas mais eficientes, notadamente as espadas e as facas (...) Os cavalos assustavam os índios, que os tomavam por monstros, embora Atahualpa tivesse se esforçado em tranqüilizar seus súditos afirmando o contrário. Por fim, Pizarro, que conhecia pelo menos desde o dia anterior o ritual que cercava Atahualpa, quebrara sua aura segurando-o diretamente pelo braço. Com esse gesto sacrílego, o conquistador acabava de desnudar o soberano - que já o estava literalmente uma vez que sua túnica tinha sido arrancada - e reduzia-o à condição de simples mortal` (2001, pp. 512 - 513).

A rápida derrota, no entanto, foi seguida por diversos movimentos de resistência. Segundo o historiador Nathan Wachtel, esta resistência ocorria de três maneiras distintas: através das rebeliões, dos milenarismos e das guerras. O mais célebre exemplo de revolta armada dos indígenas na região peruana foi a organizada por Manco Inca, que chegou a cercar a cidade de Cuzco e estabelecer, durantes décadas, um estado neo-inca na região de Vilcabamba. Outro importante movimento de resistência armada foi o dos indígenas araucanos, que combateram durante séculos as incursões espanholas. Para Wachtel, seria este o único caso em que os indígenas obtiveram êxito (1976, p. 310). Podemos citar ainda o movimento organizado por Tupac Amaru II, ocorrido já no final do período colonial, mas que também evocava o passado incaico ao lutar contra a exploração indígena.

Durante décadas, a historiografia considerou como movimentos de resistência apenas os que combateram diretamente os espanhóis através da luta armada. Conceito este relacionado à imagem européia (que remonta ao período clássico) do homem em armas lutando contra seus inimigos (muitas vezes superiores numericamente) em defesa de sua família, bens e ideais. No entanto, esta imagem acaba relegando a segundo plano outras formas de resistência indígena. Nos últimos anos, vários historiadores vêm ampliando este conceito.






espero ter ajudado..

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