Português, perguntado por ynarabastoos963, 11 meses atrás

(Ibmec-SP) O risco país e o medo de eleições Ah, esses argentinos... A expressão “risco país", ou “riesgo país”, na versão local, a certa altura ficou tão popular quanto "muchas gracias" ou “buenos dias”. Todo mundo sabia, e sabe ainda, o que era “riesgo país”, o padeiro da esquina e a dona de casa, a vendedora da Calle Florida e o passeador de cães da Recoleta. Acompanhava-se, e acompanhase ainda, o “riesgo país” como se acompanham os jogos do Boca Juniors. Ah, esses argentinos... Só eles mesmos, surrealistas a ponto de achar que Evita ficou mais bonita e Gardel passou a cantar melhor depois de mortos. (...) Eis senão quando o "riesgo país” se traveste em “risco país” e, cá como lá, irrompe no território das expressões familiares, imprevisto como um terremoto, incômodo como um intruso. E damo-nos conta de que a banalização da expressão, longe de caracterizar mais um idiossincrático exotismo dos irmãos platinos, apenas fez sua entrada em cena por aquelas bandas para, como as frentes frias com origem no Polo Sul, não demorar a deslocar- -se no nosso rumo. O “risco país” assentou praça no Jornal Nacional e raro é o dia em que lá não dá o ar de sua graça. Mais um pouco, e não será motivo de surpresa flagrá-lo na conversa dos motoboys que aguardam abrir o sinal, ou na das babás com os vendedores de pipoca, nos parques. Eis-nos às voltas com mais uma daquelas expressões aterrorizantes que, como “ataque especulativo”, “bola da vez" ou — para de novo lembrar o país de Piazzolla e Maradona — “argentinização", vêm umas se somando à outras, de uns tempos para cá, no cotidiano sobressaltado dos brasileiros. Basta! Assim como no Afeganistão dos talibãs havia o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, deveria ser criado, no Brasil, um Departamento da Conveniência ou Inconveniência das Palavras. O Decoinp, sigla do órgão, decidiría, em reuniões periódicas como as do Copom, que palavras ou expressões seriam aceitas na linguagem comum e quais seriam barradas. Pois é de clareza meridiana que, mais que o déficit fiscal e a dívida interna, impõe-se temer as palavras. As coisas não são coisas enquanto não são nomeadas. O que não se expressa não se conhece. Vive na inocência do limbo, no sono profundo da inexistência. Uma vez identificado, batizado e devidamente etiquetado, o “risco país" passou a existir. E lá é possível viver num país em risco? Lá é possível dormir em paz num país submetido à medi­ ção do perigo que oferece com a mesma assiduidade com que a um paciente se tira a pressão? É como viajar num navio onde se apregoasse, num escandaloso placar luminoso, sujeito a tantas oscilações como as das ondas do mar, o “risco naufrágio”. (Roberto Pompeu de Toledo, Revista Veja, 26/06/2002, p. 130.) 2 . A propósito do que diz o texto sobre a expressão “risco país”, é correto afirmar que: a) É uma expressão banal, dessas que as pessoas usam sem saber o que significam. b) É uma expressão que entrou no Brasil simultaneamente à sua correspondente argentina “riesgo país”. c) Popularizando-se com rapidez, espalha o seu rastro de terror entre os brasileiros. d) Usada em sintonia com outras expressões similares como “ataque especulativo” e “bola da vez”, traz para o Brasil as reações surrealistas típicas dos argentinos. e) Uma vez identificada e batizada, perde a conotação de medo e sobressalto, típica de expressões da mesma natureza.

Soluções para a tarefa

Respondido por Lucilap
6

Olá!

 

A resposta correta é a Letra CPopularizando-se com rapidez, espalha o seu rastro de terror entre os brasileiros.

 

A expressão risco país é comum nos noticiários econômicos de países que vivem instabilidade como o caso de Brasil e Argentina, enquanto indicador que determina o grau de tal instabilidade.

 

Lembrando que indicadores econômicos geralmente são utilizados por investidores estrangeiros sobre a situação financeira de determinado país.

 

No texto, o autor critica a banalização do uso da expressão na mídia, o que segundo ele acarreta pânico na população.

 

Bons estudos!

Perguntas interessantes