Português, perguntado por jamesson6246, 1 ano atrás

[...] Ia encontrar Basílio no Paraíso pela primeira vez. [...] Ia, enfim, ter ela própria aquela aventura que lera tantas vezes nos romances amorosos! [...] Era para os lados de Arroios, adiante do Largo de Santa Bárbara; lembrava-se vagamente que havia ali uma correnteza de casas velhas... Desejaria antes que fosse no campo, numa quinta, com arvoredos murmurosos e relvas fofas; passeariam então, com as mãos enlaçadas, num silêncio poético; e d epois o som da água que cai nas bacias de pedra daria um ritmo lânguido aos sonos amorosos... Mas era num terceiro andar, — quem sa be como seria dentro? [•••] A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, con uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía, e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguão. E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se o ranger de u m berço, o chorar doloroso de uma criança. Mas Basílio desceu logo, com o charuto na boca, dizendo baixo. — Tão tarde! Sobe! Pensei que não vinhas. O que foi? A escada era tão esguia, que não podiam subir juntos. E Basílio, caminhando adiante, de esguelha: — Estou aqui desde a uma hora, filha! Imaginei que te tinhas esquecido da rua... Empurrou uma cancela, fê-la entrar num quarto pequeno, forrado de papel às listras azuis e brancas. Luísa viu logo, ao fundo, uma cama de ferro com uma colcha amarelada, feita de remendos juntos de chitas diferentes; e os lençóis grossos, de um branco encardido e mal lavado, estavam impudicamente entreabertos... Fez-se escarlate; sentou-se calada, embaraçada. E os seus olhos, muito abertos, iam-se fixando — nos riscos ignóbeis da cabeça dos fósforos, ao pé da cama; na esteira esfiada, comida, com uma nódoa de tinta entornada; nas bambinelas da janela, de uma fazenda vermelha, onde se viam passagens; numa litografia, onde uma figura, coberta de uma túnica azul flutuante, espalhava flores voando... [...] (QUEIRÓS, Eça de. 0 primo Basiiio. 15. ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 145-147. (Fragmento))

1. O que Luísa esperava do lugar em que iria encontrar Basílio?
O que essas expectativas revelam sobre ela?
2. Que tipo de cenário Luísa encontra quando chega ao Paraíso?
Explique porque a oposição entre a descrição das expectativas românticas da jovem e esse cenário indica a filiação desse romance à estética realista.

Soluções para a tarefa

Respondido por waltercaminha
37
Olá, tudo bem? Vou te ajudar nessa questão:

1. Luísa esperava que seu encontro com Basílio "fosse no campo, numa quinta, com arvoredos murmurosos e relvas fofas", onde passeariam ouvindo o som da água.

Essas expectativas revelam que a personagem idealizava seus encontros românticos baseado no que encontrava na literatura.

2. Ela encontrou um local deteriorado pelo tempo, com manchas de umidade na pintura e um mau cheiro que a enjoou.

Podemos associar essa descrição que contrapõe as expectativas românticas e o cenário de fato encontrato à estética realista pois este movimento prezava pela objetividade, além de abordar temas sociais como a pobreza e o abandono.
Respondido por Liziamarcia
53
1-) A-)o local que Luíza esperava encontrar era como em seus livros de romance
"fosse no campo, numa quinta, com arvoredos murmurosos e relvas fofas ,onde passeariam ouvindo o som da água."

B-)Essas expectativas revelam que a personagem era romântica e idealizava seus encontros baseado nos livros que lia .

2. O cenário encontrado era deteriorado pelo tempo, paredes com as pinturas manchadas de umidade e um mau cheiro que a enjoou.
A descrição do local é contrario as expectativas românticas
--o cenário era de perspectiva realista pois aborda temas sociais : a pobreza e o abandono.
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