(Fuvest-SP) Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... – ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim. ROSA, João Guimarães. O burrinho pedrês. In: Sagarana. Em trecho anterior do mesmo conto, o narrador chama Sete-de-Ouros de "sábio". No excerto, a sabedoria do burrinho consiste, principalmente, em: A procurar adaptar-se o melhor possível às forças adversas, que busca utilizar em benefício próprio. B firmar um pacto com as potências mágicas que se ocultam atrás das aparências do mundo natural. C combater frontalmente e sem concessões as atitudes dos homens, que considera confusas e desarrazoadas. D ignorar os perigos que o mundo apresenta, agindo como se eles não existissem. E escolher a inação e a inércia, confiando inteiramente seu destino às forças do puro acaso e da sorte.
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Resposta:
a) procurar adaptar-se o melhor possível às forças adversas, que busca utilizar em benefício próprio.
Explicação:
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