(Fuvest-SP – Transferência) Saber e experiência Na sua próxima visita a um museu de arte, esqueça-se das obras e considere apenas os visitantes. Um bom número, talvez a maioria, não para diante de uma tela sem antes ter lido a pequena placa com nome do artista, título e data. Bom, eles querem se cultivar, saber quem pintou, quando e o quê. Mas, dessa forma, muitos acabam, sobretudo, imitando sua experiência: ao constatar que o autor lhes é desconhecido, eles mal olham para a tela e passam à obra seguinte, enquanto, se o pintor for uma celebridade, contemplam com dedicação. Os mais divertidos são os que adotam estratégias bizarras para dar uma espiada na placa sem que o amigo que os acompanha se dê conta e logo exclamam em voz alta, como se tivessem reconhecido a obra sem auxílio algum: “Aqui está o quadro de...”. De fato, o saber pode aprimorar nossa experiência estética; por exemplo, é bom apreciar uma tela de El Greco tendo conhecimento do fato de que ele pintou no século 16, pois talvez, sem isso, sua incrível ousadia expressionista nos comova menos. Inversamente, se privilegiarmos demais o saber, tenderemos a nunca sair de caminhos trilhados e, pior, a forçar nossa experiência no molde do pouco que sabemos. A primeira vez que visitei o Museu do Prado, em Madri, aos 14 anos, eu só queria ver a pequena sala onde estavam os quadros de Hieronymus Bosch. Ao entrar, fui hipnotizado pelo azul estranho e intenso do céu numa paisagem de Joachim Patinir, um pintor flamengo da mesma época, que eu desconhecia. Não li a placa, “atribuí” a Bosch o quadro de Patinir e saí feliz de ter descoberto “meu Bosch preferido”. Se tivesse lido a placa, provavelmente eu teria me sentido na obrigação de esquecer o céu de Patinir e destinar minha atenção só aos quadros de Bosch; em obséquio ao meu saber, que era modesto e trivial, eu teria renunciado a uma experiência cuja lembrança ainda me encanta. Pergunta: o que aconteceria em nós, visitantes, se os museus escondessem toda informação sobre as obras expostas? Moral da história: o debate entre saber e experiência, por mais que seja um clássico do pensamento pedagógico, é sem solução. A falta de saber compromete e empobrece a experiência, mas, sem a liberdade da experiência imediata, o saber se torna chato, estupidamente repetitivo e, no fundo, frívolo. CALLIGARIS, Contardo. Folha de S.Paulo, 27 ago. 2009. Adaptado. Segundo o autor, as pessoas que visitam museus, em sua maior parte, estão condicionadas: A pela necessidade de viver uma experiência estética única. B pelas informações que recebem sobre as obras expostas e seus respectivos autores. C pelo caráter expressionista típico de certos pintores. D pelo desejo de tentar adivinhar o nome dos pintores e o título de seus quadros. E pela busca do que consideram ser original em determinada época.
Soluções para a tarefa
Respondido por
10
Resposta:
Alternativa B
Explicação:
Segundo o autor, as pessoas que visitam museus, em geral, “querem se cultivar, saber quem pintou, quando e o quê”
Respondido por
0
Resposta:
Letra B
Explicação:
Perguntas interessantes
Inglês,
8 meses atrás
Sociologia,
8 meses atrás
Geografia,
8 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás
História,
11 meses atrás
Filosofia,
1 ano atrás