(FUVEST 2017)Não nos esqueçamos de que este é um tempo de abertura. Vivemos sob o signo da anistia que é esquecimento, ou devia ser. Tempo que pede contenção e paciência. Sofremos todo ímpeto agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão. (...) Esqueçamos tudo isto, mas cuidado! Não nos esqueçamos de enfrentar, agora, a tarefa em que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos esqueçamos de organizar a defesa das instituições democráticas contra novos golpistas militares e civis para que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e depois esquecer os conspiradores, os torturadores, os censores e todos os culpados e coniventes que beberam nosso sangue e pedem nosso esquecimento.Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos. Porto Alegre: L&PM, 1979.O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses da abertura política no Brasil, no período final do regime militar, implantado com o golpe de 1964. Com base nessas referências, escolha a alternativa correta.A) A presença de censores na redação dos jornais somente foi extinta em 1988, quando promulgada a nova Constituição.B) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta defendida pelos militares como forma de apaziguar os atos de exceção.C) Durante a transição democrática, foram conquistados o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a convocação da Assembleia Constituinte.D) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou presos políticos e exilados, e também agentes da repressão.E) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a pauta da Teologia da Libertação, uma importante diretriz da Igreja Católica.
Soluções para a tarefa
A) A presença de censores na redação dos jornais somente foi extinta em 1988, quando promulgada a nova Constituição.
Falso. Os censores foram obrigados a abandonar os jornais no dia três de agosto de 1988, por conta de um decreto.
B) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta defendida pelos militares como forma de apaziguar os atos de exceção.
Falso. O projeto tinha função evidente de livrar os militares dos crimes que estes haviam cometido quando estavam no poder.
C) Durante a transição democrática, foram conquistados o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a convocação da Assembleia Constituinte.
Falso. A transição democrática não conquistou o bipartidarismo. Ele já existia no governo militar.
D) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou presos políticos e exilados, e também agentes da repressão.
Correto. A anistia beneficiava principalmente aqueles que eram culpados de crimes contra a dignidade humana no Brasil.
E) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a pauta da Teologia da Libertação, uma importante diretriz da Igreja Católica.
Falso. A Teologia da Libertação era mal vista por aquele que elaboraram a lei da anistia, porque aproximava-se da esquerda política.
Resposta:
D
Explicação:
O professor Darcy Ribeiro critica a lei de anistia aprovada pelo Congresso brasileiro, ao
abranger agentes da repressão, como insuficiente para a defesa das “instituições democráticas contra novos golpistas militares”.