faça uma pesquisa sobre a história da capoeira resultando a capoeira contemporânea
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Resposta:
O contato com as diferentes abordagens no tratante da capoeira fez com que,
no meio acadêmico, eu buscasse direcionar minha formação para a melhor
compreensão da capoeira enquanto fenômeno social e histórico da sociedade
brasileira e importante integrante da cultura popular e de movimento. Nesta
perspectiva, sentia-me incomodado em minhas leituras e discussões ao esbarrar
constantemente com o que me pareceu uma falta de cuidado na fundamentação
referencial do tema capoeira. Neste sentido, encontrei concordância na literatura de
Araújo (2005), onde o autor faz justamente uma crítica à ausência de referências
concretas nas publicações acerca deste tema. Assim, busquei elaborar meus
trabalhos na intensão de verticalizar a análise da capoeira para melhor compreende-
la, culminando no meu trabalho de conclusão de curso, Os Paralelos entre a
Capoeira Regional e os Métodos Ginásticos Europeus do Século XIX (2010), onde
analisei não somente as origens africanas, mas também a influência europeia na
estruturação da capoeira como praticada hoje.
Nas leituras e discussões que se deram durante meu período de graduação,
pude perceber que cada vez mais a capoeira é um tema cuja abordagem é de
grande interesse do meio acadêmico, dada a quantidade de publicações que tratam
dela da atualidade. No entanto, é frequente que seu tratante gire em torno das duas
escolas tradicionais, pouco se considerando que a capoeira, enquanto fenômeno
histórico e, portanto, dinâmico, possui novas manifestações de sua prática que são
ainda pouco consideradas no meio acadêmico.
Com isto, voltei meus pensamentos para um aspecto do espaço social da
capoeira que me parecia ainda gerar conflito, tanto entre praticantes quanto no meio
acadêmico; a terminologia capoeira contemporânea, resultando no tema deste
estudo. Além dos estereótipos que eu já havia visto serem associados a este termo,
percebi que opiniões e conceitos pareciam divergir amplamente quando ele era
utilizado, fosse em rodas e academias de capoeira, encontros, sítios eletrônicos ou
no meio acadêmico. A associação desta terminologia à violência nas rodas, que
observei nos primórdios da minha formação na capoeira, se mostrou escassa na
atualidade, tanto em conversas com capoeiristas quanto em pesquisa acerca do
tema. Mesmo alguns grupos frequentemente rotulados como praticantes de capoeira
contemporânea, quando tive oportunidade de indagá-los a este respeito, por vezes
não se auto declaravam como tal, apesar de também não se vincularem diretamenteàs escolas tradicionais, angola e regional, tal como praticadas em sua origem. Em
conversas com capoeiristas, pude observar também um vínculo que comumente se
fazia entre a terminologia capoeira contemporânea e a esportivização da prática.
O conjunto destas indagações demonstrou que existe uma necessidade de
maior aprofundamento acadêmico acerca do referido tema, levando-me, portanto, a
buscar abordá-lo adequadamente na forma desta dissertação. A opção por uma
análise de cunho sociológico se deu devido aos embates que pude presenciar, tanto
no campo acadêmico como no espaço social da capoeira, a respeito do tema aqui
apresentado. Tais desencontros de opinião me levaram a considerar a existência de
uma disputa pelos capitais simbólicos da capoeira, não somente da devida
denominação de novas práticas, mas também do delineamento de seus costumes,
tradições e rituais. Considerando-se que, dentro deste espaço social, os mestres de
capoeira apresentam-se como os detentores de tais capitais, a necessidade de
abordá-los torna-se inevitável para a devida elucidação das questões do estudo.
Assim, optei pelo uso de entrevistas conduzidas com os mestres praticantes da
chamada capoeira contemporânea na esperança que eles auxiliem na compreensão
e delineamento deste fenômeno.
A representatividade que o Brasil vem tendo no cenário internacional, somada
ao recente (2008) tombamento da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial do
Brasil pela Instituto do Patrimônio Humano e Artístico Nacional (IPHAN) e a votação
que se dará em 2013 para seu tombamento como Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(UNESCO), coloca a capoeira numa posição de visibilidade nacional e internacional
sem precedentes. Nesta situação, a compreensão dela em todos os seus aspectos,
não somente no que tange as escolas tradicionais, possibilitará traçar as
manifestações que se apresentam hoje e evitar sua futura descaracterização. Desta
forma, espero que, através da análise e delineamento do fenômeno capoeira
contemporânea, este trabalho traga contribuições neste sentido expandindo e