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Julho foi um mês trágico para a Academia Brasileira de Letras. Na desgraceira que se abateu na literatura nacional perdemos de uma vez só o poeta Ivan Junqueira(3 de julho), o escritor João Ubaldo Ribeiro(18 de julho) e sem nem dar tempo de tirar a bandeira do meio pau, perdemos Ariano Suassuna(dia 23).
Sabemos que a ABL está repleta de figuras absolutamente inexpressivas na cultura nacional, mas perder Junqueira, Ubaldo e Suassuna de uma vez só foi uma perda irreparável, daquelas que causam um enorme fosso no já pobre mundo pensante brasileiro. Se Ubaldo e Suassuna eram provavelmente os nomes mais ressonantes e robustos da literatura brasileira atual, Junqueira também era um nome de grande relevância no cenário da nossa poesia.
Creio que Ubaldo talvez fosse nos tempos atuais o autor brasileiro de maior visibilidade exterior(não vou falar de Paulo Coelho, porque isso é outro assunto).Homem com um pé na Bahia e outro no Leblon. Confesso que cruzar com Ubaldo Ribeiro pelas ruas do Leblon era algo que me dava particular prazer, embora nunca tenha tido a ousadia de lhe dirigir a palavra. Figura fácil, sempre de chinelo, bermuda, camisa aberta, sorriso largo, visto sempre nos mais ordinários pés sujos, embora sua turma se concentrasse mesmo no Tio Sam, aonde eu costumava avistá-lo da rua e podia invejar seus companheiros de mesa.
Já Ariano, dono de uma obra épica, por vezes parecia um Dom Quixote lutando contra moinhos de vento em seu embate permanente pela identidade nacional e contra o excesso de influências estrangeiras a que ela estava submetida. Sabia como ninguém unir o erudito ao popular e para mim sua obra obra tem, guardada as devidas proporções, a estatura de um Cervantes sertanejo. Ariano deixa uma obra importantíssima e eterna para entendermos a alma do nordestino, a essência do brasileiro. Se sua obra fica, me deixa particularmente triste a ausência que sua figura e personalidade absolutamente cativantes vão deixar. Suas tiradas, seu humor, carisma, histórias, observações sagazes, acho que não havia ninguém mais interessante no Brasil que Ariano.
Já choramos nossos mortos, chega agora a hora de tomarmos providências. Quem os sucederão na Academia? No caso de Ivan Junqueira o dilema inexiste. Ferreira Gullar deverá sucedê-lo. Se não o for, será um absurdo completo. Aliás, o fato de Gullar já não pertencer aos quadros da ABL é por si só um descalabro.
A questão ganha difícil contorno quando falamos da sucessão de João Ubaldo e Ariano Suassuna. Teria algum candidato a mesma estatura literária? Para a cadeira 34 de João Ubaldo, 3 nomes despontam na frente da corrida: Zuenir Ventura, Thiago de Mello e Evaldo Cabral de Mello.