Faça uma comparação sobre ser normal e anormal na sociedade.
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De acordo com a filosofia, a "normalidade" deve ser entendida como um estado de equilíbrio do organismo, seja do ponto de vista do corpo ou da mente. Segundo João de Fernandes Teixeira, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a sentença "de perto, ninguém é normal" já era em grande medida professada pela filosofia e vem cada vez mais sendo estudada e desenvolvida. Embora os filósofos tenham criticado a existência de padrões de normalidade/anormalidade rígidos nos últimos tempos, uma certa classificação é plenamente possível
"George Canguilhem, por exemplo, tem um livro clássico sobre o assunto, que se chama O normal e o patológico, em que ele nos diz que não é possível usar critérios externos, universais, para definir normalidade. Entretanto, em The disordered mind: philosophy of mind and mental illness, George Graham, filósofo da mente americano, argumenta que a mente insana é aquela na qual a racionalidade foi profundamente afetada. Embora não possamos nos ver mais como um animal inteiramente racional, os distúrbios da racionalidade, quando em excesso, nos levam à mente insana. Nesse sentido, a insanidade é a incoerência quase total, o que leva também a uma desorganização das emoções - as emoções não estão inteiramente separadas da razão, senão, não seríamos sequer capazes de falar delas", explica Teixeira.
De acordo com a psiquiatra, existe uma crença de que as classificações atuais são a-teóricas, sem juízos de valor, mas isso tem sido questionado e, segundo ela, não corresponde à verdade. "Tudo depende dascircunstâncias. É mais fácil, em casos graves, saber quem é acometido e quem não é. Porém, em casos mais leves, muita coisa depende de valores sociais", pondera.
Segundo o relatório do Cremesp, a carga dos transtornos mentais não é meramente um reflexo dos índices de psicopatologia, mas de uma série de condições e problemas individuais e da coletividade. Em países desenvolvidos, o uso nocivo ou a dependência de substâncias psicoativas está entre as 10 principais causas de incapacitação, sendo a Doença de Alzheimer e outros quadros demenciais a terceira causa de incapacitação e morte prematura.
Para Teixeira, da UFSCar, essa dicotomia entre o "normal" e o "anormal" prejudica e muito a vida em sociedade, porque faz com que o "diferente" não seja aceito e acabe sendo até mesmo recriminado e escondido. "Tenho a impressão de que nunca vivemos uma época em que se tenta 'normalizar' as pessoas tanto quanto a atual. O desvio, mas também a originalidade, são fortemente coibidos atualmente. Todo mundo tem de ser igual. Esse, aliás, é o pano de fundo da neurociência hoje em dia: todos são iguais porque têm um cérebro igual. Acho isso tão ridículo como dizer que os cardápios de todos os restaurantes do mundo deveriam ser iguais porque temos todos um estômago igual. Com esse discurso, tenta-se eliminar as diferenças e, entre elas, os grupos diferentes", argumenta. "Recentemente, o presidente do Irã declarou que no seu país não há homossexuais. Nunca vi nada tão forte no sentido de enquadrar as pessoas na 'normalidade'. Mas ele não é o único caso. Muitas culturas fazem um discurso que pretende eliminar a exclusão, a homofobia, etc, mas acho que fica só no nível do discurso. Claro que não quero dizer que as leis não devam existir, mas se soubéssemos lidar bem com as diferenças, não precisaríamos de legislação que punisse a discriminação", aponta o filósofo.