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Por meio dos cercamentos foi o fenômeno pelo qual as terras de uso coletivo na Grã-Bretanha começaram a ser cercadas para que passassem a ser terras de uso individual. Esse fenômeno se intensificou durante a época da Dinastia Tudor no Século XVI.
O cercamento teve início ainda no século XII. Grande parte destas terras cercadas, passou a ser utilizada para pasto, geralmente para a criação de ovelhas. Esses cercamentos eram frequentemente realizados unilateralmente pelos proprietários das terras e podiam resultar na destruição de aldeias inteiras.
O fenômeno foi impulsionado pelo aumento da demanda estrangeira por lã inglesa, especialmente nos séculos XV e XVI. Ocorre que a criação de ovelhas exigia menos trabalhadores do que as atividades agrícolas. Desse modo, o fenômeno resultou em um grande deslocamento dos camponeses para as cidades e na redução da produção doméstica de grãos, o que tornou a Inglaterra mais suscetível à fome causada por altas de preços de alimentos importados, especialmente em situações de guerras.
Devidos aos problemas sociais gerados, a prática foi denunciada pela Igreja e algumas leis tentaram restringi-la. Mas a prática foi apoiada pelos mais ricos e continuou a progredir.
Tomás Morus, criticou a prática na obra "A Utopia".
Os moleiros também foram prejudicados, devido à redução da produção de grãs em muitas regiões da Grã Bretanha[1].
Muitos dos camponeses que perderam seu trabalho devido aos cercamentos, passaram a se dedicar a atividades criminosas. Nesse contexto, foram elaboradas diversas leis para restringir os cercamentos. A primeira delas foi aprovada em 1489, na época de Henrique VII de Inglaterra. Nos 150 anos seguintes, foram aprovadas mais 11 leis sobre o assunto.
A lei de 1489, previa que quando o cercamento resultava na destruição de casas, metade dos lucros iria para o Conde do lugar até que as casas fossem reconstruídas. Em 1536, uma nova lei, permitiu que o repasse dos recursos para a Coroa, quando houvesse omissão do Conde (a Lei de 1489 dava metade dos lucros ao proprietário superior, que talvez não ser a coroa, mas uma lei de 1536 permitiu que a coroa recebesse essa parte, se o senhorio superior não tivesse tomado medidas)[2].
Dentre as rebeliões contra os cercamentos, destaca-se a Rebelião de Kett de 1547 e Revolta das Terras Médias de 1607[3].
A partir da segunda metade do Século XVIII, grande parte dos camponeses que eram deslocados dos campos para as cidades devido aos cercamentos passou a ser utilizada como mão de obra fabril para a Revolução Industrial[4].