Existem determinadas situações em que o que poderia ser um encontro resulta num imenso desencontro. Foi exatamente isso que ocorreu quando a Academia Carioca de Letras resolveu homenagear a autora do livro “Quarto de despejo” (1960) em 17 abril deste ano em um evento no Rio de Janeiro.
Conta a história, que o jornalista Audálio Dantas foi fazer uma matéria sobre a região do Canindé e deu de cara com Carolina Maria de Jesus. Moradora da favela local, afrodescendente, ela esbravejava contra as invasões e a violência que corriam soltas por lá. Digna e firme, ameaçava: “Vocês vão ver, vou botar todos no meu livro”.
A palavra “livro” carrega até hoje um imenso valor real e simbólico entre nós, e, naquele contexto, não foi proferida em vão.
O certo é que a decrepância entre ameaça e a realidade foi o suficiente para que o jornalista ajudasse Carolina aí em frente neste seu projeto, que se transformou num livro essencial, um clássico, atualmente traduzido em 24 idiomas. E não há nessa constatação qualquer favor ou prêmio de consolação. A inúmeras passagens do livro onde logo se reconhece a qualidade do texto:
"Deixei o leito às 4 horas para escrever. Abrir a porta e contemplei o céu estrelado quando o astro rei começou a desputar eu fui buscar água tive sorte as mulheres não estavam na torneira. Enchi minha lata e zarpei [...] preparei a refeição matinal ponto cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada o João José, café puro. O José Carlos, leite branco ponto e eu, mingau de aveia. Já que não posso dar aos meus cílios uma casa decente para residir, procuro lhe dar uma refeição com digna. Terminaram a refeição. Lavei os utensílios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho um homem em casa. Sou só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. [...] Dizem que falo muito bem. Sei atrair os homens [...] Quando fico nervosa não gosto de discutir. Prefiro escrever. Todos os dias eu escrevo. Sento no quintal escrevo"
Como se vê, para Carolina de Jesus, escrever era alta de sobrevivência. Não é aleatório o fato de ela anotar bem no dia 13 de maio de 1958 " eu lutava contra a escravatura atual - a fome"
Mas gostaria de retornar ao "desencontro"que aconteceu bem na hora em que o paraninfo, Ivan Proença, fazia seu discurso de "homenagem" a Carolina de Jesus. Tudo ia muito bem, até que, com intuito de "elogiar", O acadêmico cometeu um deslize disse ele "tem uma coisa, isso não é literatura isso pode ser um diário e a inclusive o gênero, mas, definitivamente isso não é literatura cheia de períodos curtos e pobres, Carolina, sem ser magética, analfabeta, não era capaz de fazer orações subordinadas por isso esses períodos curtos"
[...]
Por sinal "entre o conceito de "livro" Yudi "livro de memória" há um verdadeiro abismo "livro" vir aqui adjetivo positivo, enquanto "memórias" não passa de categoria de acusação e demérito
Conserta facilidade cria-se uma distância hierarquia entre artista pertencentes ao canone chamado de clássico a um mundo de associações e dissociações entre Picasso, Lima Barreto e Carolina de Jesus. O certo, porém, é que todos realizaram obras igualmente "complexas", apesar de serem definidos de forma muito distintas um deles foi encaixado dentro da Norma"curta". Os outros dois não escaparam de serem classificados como autores que deviam muito seus "testemunhos" de época, e deles não escapavam o ponto isso, a despeito de sabermos que tais fronteiras fronteiras são muito mais fluidas do que a definição cartesiana permite imaginar. [...]
selecione as frases q vc acha mais interessante e faça um novo texto
não precisa ser longo
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afta
Explicação:
porque a ingaltera tem língua portuguesa e a mais perfeita Princesa linda incrível que pareça que eu vou fazer não tenho o meu é ser a Vanessa mas Vavá de setembro
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