Existe algo útil nas ideias de Olavo de Carvalho?
Soluções para a tarefa
Resposta:
OI TUDO BEM ?
ESPERO TER AJUDADO
Explicação:
Existe algo útil nas ideias de Olavo de Carvalho?
Eu diria que não.
E isso a despeito de, apesar de tudo, Olavo de Carvalho ser um erudito¹, o que concedo. E a despeito de respeitar quem acredita que sua importação da bibliografia conservadora ao Brasil foi um fato relevante…
Ambas as coisas poderiam ter sido melhor empregadas sem a desonestidade intelectual anti científica e sem a necessidade de apresentar-se como um gigante do conhecimento que não é.
Dois exemplos: uma nota em seu texto sobre A teoria dos quatro discursos de Aristóteles casualmente observa que “apenas dois comentadores” mencionaram algo semelhante. Ora, quem seriam esses dois desconhecidos, à margem da leitura aristotélica, relegados ao fundo da prateleira filosófica?
AVICENA & SÃO TOMÁS DE AQUINO!
Basicamente dois dos comentadores mais influentes na leitura de Aristóteles desde sua recuperação e dois dos maiores pilares do pensamento no Ocidente.
Depois segue-se uma apresentação sobre as teorias dos discursos como algo que passou à margem de todos os comentadores seguintes. O que é bastante curioso porque durante o século XX uma das questões mais importantes para os aristotelistas foi essa de que Aristótles está sempre ciente de que as diferentes ciências possuem diferentes graus de credibilidade/certeza e, consequentemente, métodos diferentes.
Quão diferente, por exemplo, é a abordagem de Enrico Berti² em seu As razões de Aristóteles, livro de 1989 cujo prefácio tem exatamente o mesmo espírito do livro de O. de Carvalho, mas que, ao contrário, busca frisar sempre o fato de que há extensa bibliografia que o precede e que a proposta de que há tipos diversos de racionalidade (para a física, a metafísica, a filosofia prática e a retórica) “não quer ser uma contribuição original ao conhecimento do antigo filósofo”, mas enfatizar sua contribuição ao debate hodierno sobre a racionalidade.
Antes que alguém confunda o argumento,não estou implicando plágio. O “pano de fundo” das leituras é o mesmo, mas tanto E. Berti parece apresentar apenas três capacidades discursivas (cognitiva, argumentativa, persuasiva), quanto a organização das “áreas” da produção aristotélica é diferente. Mas é muito produtivo reconhecer as semelhanças e comparar a forma como os respectivos autores organizam seus comentários e notas.
Enquanto E. Berti propõe uma recapitulação rápida de como seu texto se relaciona com o “estado da arte” dos comentadores de Aristóteles e aponta aproximações, gradações e distanciamentos parciais, O. de Carvalho esquece o método típico de Aristóteles, que abre cada capítulo enumerando os pontos de vista dos pensadores que lhe antecederam sobre o tema, marcando seus acertos e erros, e graus de aproximação consigo, e propõe-se, desde o início, como tábula rasa: sua leitura oferece uma nova perspectiva, supostamente ignorada, por natimorta desde São Tomás e somente agora rediviva.