Examinando com atenção o que eu era, e vendo quepodia supor que não tinha corpo algum e que não haviaqualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, masque nem por isso podia supor que não existia; e que, aocontrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar daverdade das outras coisas seguia-se mui evidente e muicertamente que eu existia; ao passo que, se apenas houvessecessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vezimaginar fosse verdadeiro, já não teria qualquer razão de crerque eu tivesse existido, compreendi por aí que era umasubstância cuja essência ou natureza consiste apenas nopensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nemdepende de qualquer coisa material.René Descartes. Discurso do método.Eu ou pessoa não corresponde a nenhuma impressão,consistindo naquilo a que todas as nossas várias impressões eidéias estão supostamente referidas. Se alguma impressão derorigem à idéia de eu, esta impressão deve permanecerinvariavelmente a mesma, durante toda a duração de nossasvidas, uma vez que se supõe que o eu existia desta maneira.Mas não há nenhuma impressão constante e invariável. Ador e o prazer, a tristeza e a alegria, as paixões e as sensaçõessucedem-se umas às outras, e nunca existem todas ao mesmotempo. Não pode ser, portanto, de nenhuma destasimpressões, nem de nenhuma outra, que nossa idéia de eu éderivada e, conseqüentemente, essa idéia não existe.David Hume. Investigação sobre o entendimento humano.Considerando os trechos acima, assinale a opçãoincorreta.A O "eu" cartesiano independe da matéria, e sua certezaconstitui-se pelo próprio pensamento.B A dúvida, para Descartes, deve constituir-se como puropensamento, a qual, metodologicamente, levará aocogito.C O pensamento, para Descartes, é algo que existe por si,daí ser uma substância.D A crítica de Hume à denominada identidade pessoaltem como base sua doutrina empirista, estendida aquià mente.E Embora por caminhos diferentes, os dois autoreschegam à mesma conclusão sobre a identidade do "eu".
#ENADE
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A alternativa E) é a correta.
Considerandos os trechos da questão, ambos os autores chegaram a conclusões diferente sobre o que é o "eu".
Enquanto Hume fala que o "eu" não existe como algo constante, e sim como algo inconstante e variável, de acordo com as condições em que está e comas ideias que se tem.
Já Descartes vê o "eu" como algo invariável e que não muda, algo fixo independente das condições em que se encontra e das ideias que se tem.
Espero ter ajudado!
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