EU INTERMINÁVEL
Quando parece que já sabemos direitinho quem somos, um novo dia amanhece e traz hesitação: fica claro que não, que não existe essa história de estar completo, finalizado. Eu sei quem sou até este exato instante em que escrevo, mas antes de terminar este texto há uma chance de tudo mudar. Pode o telefone tocar e eu ser convidada para algo que nunca fiz, ser procurada por alguém que vai mudar minha vida ou golpeada por uma notícia que me amadurecerá. E serei um pouco mais (ou um pouco menos) do que sempre fui, este “sempre fui” tão cheio de ondulações e curvas — minha vida é uma estrada quase sem retas e sem uma pista para acostar. A cada dia, um fato vira memória, uma pessoa volta do passado, uma ilusão se desfaz, outra desperta, o céu troca de cor, um plano ganha avalista, as vontades confabulam, e eu vou assimilando novos elementos à minha identidade, essa identidade que nunca se conclui. Queria tanto saber quem sou, mas como arriscar uma definição se ainda me restam três ou quatro parágrafos e um punhado de anos pela frente? Tenho duas dúvidas a tirar com um colega com quem iniciei um novo projeto, uma declaração ensaiada para quando estiver frente a frente com alguém que nunca ouviu de mim certos verbos, uma alegria ao antever o encontro com uma amiga que está longe dos meus abraços, fome de algumas coisas que ainda não provei e umas incertezas que doem e para as quais não há cura enquanto eu não acabar de me entender, e eu não acabo nem quando me deito e durmo. Eu apago e acordo no sonho, no delírio etéreo de uma noite povoada por desejos inconscientes e mensagens que decifro com dificuldade, há alguma coisa em mim ainda sendo construída e, quando desperto de fato, este dia a mais de vida me encontra ainda mais indefinida. Então, abro a janela e o céu está com uma luz diferente, tenho um receio que não tinha antes e um problema a menos a resolver, um compromisso apressa meu banho e o reflexo do espelho revela que emagreci, descubro uma saudade ampliada de alguém e um desdém que não estava ali, o dia não é o mesmo de ontem e eu já não sou também. E ao ligar o computador para responder à pergunta de um estudante de Jornalismo que pede para que eu me revele, que eu explique, afinal, quem sou, de preferência com poucas palavras e precisão, invento qualquer bobagem que justifique a que vim, que esclareça como fui parar aqui e ser assim, enquanto trato de espiar as previsões astrais para o meu signo, de lidar com os espantos e o mistério que ainda não elucidei — e diante de tanto “não sei” me deformo, me reformo, me amoldo, me dilato e admito, ao menos para mim, que sou isso, um eu sem fim.
01. Há algumas palavras na língua portuguesa que têm a função de conectar orações. Essas palavras estabelecem uma relação de sentido, seja comparar, finalizar, alternar, concluir, adicionar, explicar entre outros. A partir disso, leia os trechos abaixo e indique qual a relação estabelecida pelos termos em destaque nos trechos.
a) “Quando parece que já sabemos direitinho quem somos, um novo dia amanhece e traz hesitação...”
b) “Queria tanto saber quem sou, mas como arriscar uma definição se ainda me restam três ou quatro parágrafos...”
c) “ser procurada por alguém que vai mudar minha vida ou golpeada por uma notícia que me amadurecerá.”
02. Agora, indique as circunstâncias dos advérbios destacados nos trechos.
a) “Quando parece que já sabemos direitinho quem somos, um novo dia amanhece...”
b) “E serei um pouco mais (ou um pouco menos) do que sempre fui...”
c) “...eu vou assimilando novos elementos à minha identidade, essa identidade que nunca se conclui.” Por favor preciso de ajuda!
Soluções para a tarefa
Resposta:
.a) conjunção aditiva "e".
b)conjunção adversativa "mas".
c)conjunção alternativa "ou".
2.a) Circunstância de TEMPO
b) Circunstância de INTENSIDADE
c) Circunstância de NEGAÇÃO
QUESTÃO 01
Antes de começar, entenda o que é a conjunção: liga duas frases, propondo ideia de subordinação.
Exemplos: porém, portanto.
Agora que já sabemos o papel da conjunção, vamos analisar as conjunções em destaque e verificar qual a relação elas estabelecem:
(Reescrevi as frases para indicar qual o termo destacado)
a) “Quando parece que já sabemos direitinho quem somos, um novo dia amanhece e traz hesitação...”
→ Relação de adição.
b) “Queria tanto saber quem sou, mas como arriscar uma definição se ainda me restam três ou quatro parágrafos...”
→ Relação de adversidade.
c) “ser procurada por alguém que vai mudar minha vida ou golpeada por uma notícia que me amadurecerá.”
→ Relação de alternativa
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QUESTÃO 02
Antes de começar, entenda o que é o advérbio: representa uma circunstância, estando ligados ao verbos, adjetivo ou a um outro advérbio.
Exemplos: nunca, muito.
Agora que já sabemos o papel do advérbio, vamos analisar os advérbios em destaque e verificar qual a circunstância eles estabelecem:
(Reescrevi as frases para indicar qual o termo destacado)
a) “Quando parece que já sabemos direitinho quem somos, um novo dia amanhece...”
→ Advérbio de tempo
b) “E serei um pouco mais (ou um pouco menos) do que sempre fui...”
→ Advérbio de intensidade
c) “...eu vou assimilando novos elementos à minha identidade, essa identidade que nunca se conclui.”
→ Advérbio de negação
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Bons estudos!