Esta dominação se daria, neste sentido, diferente com o indígena do que o que se processou com o negro. Enquanto com o primeiro se retira as condições de sobrevivência que tinha, com o outro se amputa a vida em determinado lugar para estabelecer a força em outro. Implanta-se o interesse da exploração nos dois elementos?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Enquanto com o primeiro se retira as condições de sobrevivência que tinha, com o outro se amputa a vida em determinado lugar para .
Resposta:
Explicação:
Com um se recria uma cultura diante do estranho (negro) e com o outro se destrói a condição existente para implantar-se a dominação. Esta luta incessante entre os movimentos humanos em um ambiente colonial e, posteriormente, o que viria a ser o território nacional imposto pela força do Estado, seria contínua e necessária para formar um território nacional, o povo brasileiro, regionalizado e unificado pela autoridade mais do que pela integração.
As condições de dominação se estenderam por grande parte do território colonial com atos extremos de violência. O dominador legitimou seus interesses de todas as formas que pretendeu, criou em torno de si um imenso patrimônio, porém, o custo para a acumulação deste patrimônio ainda é elevado. Hoje, no Brasil, são as áreas de fronteira agrícola que traduzem a violência em seu aspecto tradicional. A violência dos primeiros tempos de colonização para a conquista do território, o extermínio para tomar a posse da terra, na qual o dono do lugar é aquele que permanecer de pé sobre ela é uma constante. Ainda hoje está presente em muitas fronteiras agrícolas brasileiras.
O ocidental venceu por dar ao território um sentido além das fronteiras. A ambição do europeu se traduz na concentração de uma riqueza que gerou um significado oposto àquele que o nativo estabeleceu sobre a natureza, desta forma, há um encontro de sentidos diferentes. O branco (e seu mando), interessado no empreendimento lucrativo e se identificando como um “civilizador”, se defrontou com um nativo em seu ambiente, vivendo sem a ambição acumulativa do homem ocidental mercantil. Os indígenas em natureza apresentavam, sob diversos aspectos, diferenças significativas em relação ao branco cristão. Uma destas diferenças os aproximou, mas com sentidos diferentes na prática conjunta do contato sexual. O “bem resolvido” indígena seduziu o homem branco, mas isso
não o livrou do extermínio:
"Esses índios cativos, condenados à tristeza mais vil, eram também os provedores de suas alegrias, sobretudo as mulheres, de sexo bom de fornicar, de braço bom de trabalhar, de ventre fecundo para prenhar. A vontade mais veemente daqueles heróis d’além-mar era exercer-se sobre aquela gente vivendo como seus duros senhores. Sua vocação era a de autoridade de mando e cutelo sobre bichos e matos e gentes, nas imensidades de terras de que iam se apropriando em nome de Deus e da Lei. "(RIBEIRO, 1995, p. 48).
Porém, esta construção da identidade não pode ser romantizada, necessita ser analisada a partir das condições reais em que foram estabelecidas. A exploração colonial instalada no território brasileiro é determinante no destino dos indígenas. A forma como tratamos o tema do índio e sua condição na atualidade nos parece mais uma retórica saudosista que desconhecemos do que uma compreensão fundada na racionalidade gerada pela lógica dos fatos. Os relatos do próprio Darcy Ribeiro, que nos serviu até aqui como uma orientação, são exagerados, porém reflexivos. Não podemos negar o “mal feito”, sempre levando em consideração para quem ele serviu. O processo colonizador exterminou os nativos e lhes deixou à margem da sociedade. Destituiu as condições de sobrevivência e gerou a obediência de forma torpe. O gozo que foi obtido ao se apropriar do corpo da nativa foi acompanhado do ódio, não permitindo a extensão da convivência necessária sobre a égide do respeito.
Dentro da construção da regionalidade, ambiente onde a identidade nativista se formou, a religiosidade integrou as diferenças. Em todas as porções do território formador do Brasil, a fé é elemento comum. A religiosidade preservou a possibilidade de comunicação cultural entre os diversos espaços onde a presença da intenção colonizadora se estabeleceu. Como uma parte do folclore, as diversas regiões brasileiras se consolidaram com variados rituais de fé.
O cristianismo foi, desde o período colonial, um elemento comum nas variáveis da relação entre os grupos étnicos formadores brasileiros. Há uma construção gradativa dos símbolos religiosos e a definição de como eles se organizaram dentro do imaginário regional. A fé foi, também, fundamental para estabelecer a compreensão da dominação.