escreva sobre as mulheres operarias do começo do seculo XX
Soluções para a tarefa
Resposta:Thompson (1987) ao analisar o desequilíbrio entre o trabalho adulto e
infantil, bem como entre homens e mulheres dizia que:
“[...] No principio da década de 1830, entre um terço e a metade da
força de trabalho (em todas as classes de trabalho) nas indústrias
algodoeiras tinha menos de vinte e um anos de idade. No setor de lãs
cardadas, a proporção de jovens era ainda maior. Entre os adultos,
bem mais da metade eram mulheres. [....] A força de trabalho adulto
nas indústrias têxteis do Reino Unido atingia 191.671 pessoas, das
quais 102.812 eram mulheres e apenas 88.859, homens.”
(THOMPSON, 1987, p.170)
De acordo com a citação acima do historiador inglês, referindo-se a
Inglaterra do século XIX, fica visível a predominância da mão-de-obra feminina sobre a
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masculina nas fábricas inglesas. Este fato foi uma característica que marcou o início do
capitalismo europeu e que o acompanhou em seu processo de expansão tanto na Europa
quanto fora dela.
No Brasil isso não foi diferente. Nas diversas fábricas de tecidos
instaladas, principalmente a partir de meados do século XIX, as mulheres também
representaram a maioria dos trabalhadores. Tomando como base Minas Gerais, na Cia.
Industrial São Joanense, entre os anos de 1897 e 1900, dos cem operários que
trabalhavam na Cia., 21% eram homens e 79 % eram mulheres (RESENDE, 2003,
P.63). O Presidente da Província Mineira, por sua vez, afirmou em relatório de 02 de
agosto de 1883 “hoje nossa Província conta com nove fábricas que elevam ao
importante algarismo de cerca de 12 mil metros de pano a produção diária, e dão
trabalho profissional e lucrativo a setecentos operários, a máxima parte do sexo
feminino” (1883, citado por MAGALHÃES, 2006, p. 76-77).
Na Cia. de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira a situação se repete. No
primeiro relatório anual da Companhia, apresentado pela sua Diretoria, consta que em
1884 trabalhavam na Fábrica da Cachoeira 141 pessoas, das quais 58 eram mulheres e
26 eram meninas. Na Fábrica do Cedro havia 53 mulheres e 23 meninas operárias num
total de 123 trabalhadores (MASCARENHAS, 1972, p.128-29). De acordo com o Livro
de Ponto da Fábrica do Cedroii em setembro de 1892 de um total de 238 operários, 155
eram mulheres. Situação semelhante ocorria também na Fábrica de São Vicente, outra
fábrica da Cia. Cedro e Cachoeira, adquirida em 1891, que segundo registrosiii em
janeiro de 1895 havia 158 operários trabalhando, sendo que 87 deles eram mulheres.
A participação significativa das mulheres na produção industrial de tecidos
nos primórdios do capitalismo é ratificada pelos autores citados acima, bem como por
outros, entre os quais podemos citar: Rago (1985,1997), Perrot ( 1988), e Hobsbawm
(1979). Eles nos oferecem análises consistentes e importantes acerca do
desenvolvimento capitalista e da participação feminina no trabalho industrial, tanto no
Brasil quanto na Europa. Entretanto a maioria dessas análises acaba por privilegiar
abordagens que incidem sobre o coletivo, a classe social e a própria organização do
movimento operário.
Porém, se o olhar sobre a mulher trabalhadora por meio de um viés
coletivo e classista responde algumas questões, deixa outras em aberto: quem eram
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essas mulheres? O que as levou para o trabalho nas fabricas de tecidos? Qual o
significado que o trabalho fabril representou para elas? Que espaço as operárias
ocupavam nas fábricas de tecidos? Que embates e contradições permeavam o seu
cotidiano? Além dos baixos salários, que outros fatores foram determinantes para que os
empresários da indústria têxtil empregassem mulheres em suas fábricas? Como a fábrica
via essas mulheres e se relacionava com elas? E ainda, que papel a indústria têxtil
representou para a formação e a conformação da mulher? São indagações que, sem
desconsiderar a importância de alguns aspectos de ordem mais global, dizem respeito ao
cotidiano vivido por essas operárias, dentro e fora da fábrica. Indagações que ao serem
mexidas e remexidas, podem nos ajudar a entender um pouco mais a história da mulher
operária.
Explicação: