Português, perguntado por lindaliz81, 11 meses atrás

entendimento do poema "filho ingrato" de Marco Brasil.​

Soluções para a tarefa

Respondido por ssilvaninha224
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Letra:Certa vez estive viajando por esse Brasil afora

Quando me vi no sertão

Numa estrada de chão, era tarde, umas 3 hs

De repente, meu carro quebrado,

Fechei os vidros, deixei ali encostado

E ajuda eu fui procurar

Quando eu vi uma casa ali perto

O lugar era deserto

Pelo trilho comecei a andar

Fui chegando devagarinho

E quando vi estava pertinho

Por ajuda fui gritando

A casa parecia abandonada

A porta não estava trancada

Eu abri, fui entrando

Na entrada logo vi que alguém morava ali

Pois tinha uma cama velha,

Duas panelas na prateleira

Num canto, um banco encostado,

O fogão de lenha do lado

E a moringa era geladeira

De repente ouvi um gemido

Entrei e vi um velho caído

Que me disse com a voz extremecida:

Meu filho, sente aqui do meu lado,

Só ouça, fique calado

A história da minha vida...

Eu era um rapaz faceiro,

Era o rei dos boiadeiros

Tinha vida pra dar e vender

Na viola eu era um açoite

Trabalhava dia e noite,

Só não sabia ler e escrever

Me apaixonei por uma moça

Chamada Tereza

E no dia do nosso casamento

Dançamos até noite adentro

E eu fazia meus planos,

Vou construir nossa casinha

Criar gado, criar galinha

Nem que demorasse muitos anos

Mas aí veio a tristeza

A minha querida Tereza

O filho não pôde suportar

Foi sentindo a dor do parto

E ai nesse mesmo quarto

Ela partiu e com Deus foi morar

Fiquei eu e o menino

Tracei ali o seu destino e jurei a ele,

Estudo dar

Nem que eu tivesse o sacrifício

Se fosse pro seu benefício

Até sangue eu ia derramar

Mas quem tem Deus não se apura

Mesmo levando uma vida dura

Eu não podia me queixar

Eu era muito valente

O menino inteligente

Arroz e feijão nunca ia faltar

Me lembro como se fosse agora

Ele chegando da escola

No ultimo dia do ano

E com sua simplicidade me disse

Pai, eu quero entrar na faculdade

Pois é esse meu plano

E se foi para a cidade grande

Me deixando aqui tão longe

Para vencer no seu futuro

Eu fazia economia, trabalhava noite e dia

Para manter o seu estudo

Se passaram quatro anos

E eu na roça lutando

Numa vida muito dura

Mas ao céu eu agradeci

Pela graça que recebi

Pois chegou o dia da sua formatura

Vesti meu terno de estopa

Eu não tinha outra roupa

No meu pé, meu velho sapatão

Com as unhas sujas de terra

Pulei vale, cruzei serras

Pra ver meu filho receber a sua formação

Fui chegando na cidade

E com a minha simplicidade

No salão eu fui entrando

Quando vi meu filho do lado

Tava bonito, tava arrumado

E pro seu lado fui andando

Eu fui com os braços abertosMas na hora ele saiu de perto

Com uma cara risonha

Criticou minha roupa velha

As unhas sujas de terra

Falou que de mim estava com vergonha

Foi embora e me deixou ali num canto

Dos meus olhos escorreu pranto

E no meu peito uma grande dor

Pois ali me desprezava

Quem eu tanto ajudava

Do fundo do meu amor

Fui saindo do salão

Cruzei aquela multidão

Com o peito cheio de tormento

Então voltei pra essa casinha

Pra tocar minha vidinha

E esquecer meu sofrimento

Hoje... hoje estou velho, eu sei!

De tanto que trabalhei

Da minha dor que mais parece uma ferida

O meu filho eu não vi nunca mais

Hoje deve ser doutor ou senhor dos tais

E eu aqui, no fim da minha vida

Mas vá, parte agora

E se um dia encontrar meu filho

Por essa estrada afora

Diga à ele que aquele terno de estopa

Que eu usei no dia da sua formatura

É o mesmo terno que usei

No dia que me casei

Com aquela que morreu para lhe dar a vida

E é com ele que eu vou para sepultura

Diga também que foi com aquele velho sapatão

Que eu trabalhei e tirei desse chão

O sustento do seu futuro

E as unhas sujas de terra

Representa o anel de formatura

De quem nunca teve estudo

E por fim, diga a ele que eu lhe perdôo

Que por Deus eu lhe abençôo

E não reclamo a minha cruz

Foi tão grande meu sofrimento

Mas não se compara em nenhum momento

Ao sofrimento de Jesus"

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