(ENEM 2002 )6 Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor. “Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.” VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978. Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura, a) criar a fantasia. b) permitir o sonho. c) denunciar o real. d) criar o belo. e) fugir da náusea. Não sei? me ajudeeem por favor!
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c) denunciar o real
pois ela fala "numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo"
pois ela fala "numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo"
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É correta a alternativa C.
Veríssimo associa aqui a tarefa de escrever com um episódio traumático de sua vida, associando a escrita com a tarefa de "tornar clara" injustiças sociais e estruturas que não deveríamos ver como naturais ou aceitáveis.
É, assim, parte da concepção que vê a literatura como uma forma de arte engajada (ou seja, diretamente envolvida com os nossos problemas cotidianos), e não como uma arte que deve apenas nos fazer rir ou nos distrair do mundo, devendo também fazer com que reflitamos sobre ele e, quando necessário, o mudemos.
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