Em um local público ,como uma praça ou uma sala de cinema ,que atitudes favorecem a harmonia?
Soluções para a tarefa
Atualmente um dos principais obstáculos para a convivência em harmonia no espaço público, é a divergência do que ele representa para cada pessoa. Por defendermos a vivência em comunidade, resolvemos esclarecer o conceito de espaço público para que todos possam utilizá-lo da melhor forma.
Por definição, espaço público é aquele que é de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). Existem os que são totalmente livres e os que, mesmo públicos, possuem uma certa restrição ao acesso.
Dentre os livres, destacam-se quatro categorias:
Espaços de circulação (como uma rua ou uma praça);
Espaços de lazer e recreação (como um parque, playground, pista de skate)
Espaços de contemplação (um jardim público, um monumento)
Espaços de preservação e conservação (uma reserva ecológica, um prédio tombado)
Dentre os com restrição de acesso, estão os que demandam horários de entrada e saída, traje, regras de conduta, porém continuam sendo de acesso a todos. Por exemplo: igrejas, museus, hospitais, bibliotecas, edifícios públicos, etc.
Nos espaços públicos livres, o direito de ir e vir é total e garantido a todos, sem qualquer tipo de diferenciação, exceto quando uma autoridade pública ou seu representante restringe esse acesso visando a segurança e a convivência de todos em harmonia.
Não é porque uma avenida é ocupada em sua maioria por ônibus, caminhões e carros, que motos e bicicletas não têm direito de compartilhar esse espaço. Muitos veem a presença desses meios como inadequada e impraticável, mas ela é legítima, garantida por lei e demanda aceitação e respeito.
Da necessidade cada vez maior de convivência entre todos os que usufruem do espaço público, surgiu o termo “shared spaces”. Criado por Ben Hamilton-Bailie em 2003, a ideia foi lançada e promovida por Hans Monderman.
O conceito defende uma quebra da segregação entre veículos, pedestres e outros usúarios do espaço público. A base disso é um novo sistema de gestão que aposta num espaço sem faixas exclusivas, linhas, cortes, símbolos para esse ou aquele grupo. O espaço compartilhado acredita na informação e na sinalização integrada, que procuram fazer com que todas as pessoas compreendam que o espaço público é direito de todos.
A negociação das áreas comuns é feita com atenção às velocidades adequadas de cada via e a consideração, respeito e tolerância de cada usuário para com todos os outros usuários que estão ao seu redor.
Segundo publicação do Shared Space Institute, a principal característica de uma rua projetada com essa filosofia é a ausência de marcas rodoviárias tradicionais, placas, sinais de trânsito e a distinção entre a “via” e a “calçada”. O comportamento do usuário torna-se influenciado e controlado por interações humanas naturais ao invés de regulação artificial.
Para alguns um espaço público sem sinalização e limites pode ser sinônimo de caos. Não é o que defendem os criadores do conceito e o que mostra a experiência colocada em prática em sete cidades europeias com o apoio da União Europeia. “Quando há separação, as pessoas pensam: esse espaço é meu. Sendo compartilhado, têm a consciência de dividir o espaço”, diz Hans Monderman.
Para ser posto em prática, o projeto exigiu uma diferenciação bem clara entre “estradas” (vias de alta velocidade) e “espaço público” (demais vias). No espaço público o direito de ir e vir é total e é baseado no respeito qualquer que seja o modal de transporte e a atividade realizada: lazer, trabalho, deslocamento, compras, estudo, interação social. A regra principal é: respeitar o ser humano. Dar preferência ao pedestre, seguido dos ciclistas, veículos leves, motociclistas e assim por diante.
O espaço compartilhado planejado e estruturado como tal não é uma realidade no Brasil, mas já temos iniciativas nesse sentido, como as ciclorrotas. E por que não nos inspirarmos nesse conceito para respeitar em primeiro lugar o ser humano?