Em sua opinião, existe uma relação entre esse conflito e a questão da justiça racial em nosso país? Explique.
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“Você não pode enfiar uma faca de nove polegadas nas costas de uma pessoa, puxar seis polegadas para fora, e chamar isso de progresso!”. A frase de Malcolm X, que foi um dos grandes defensores dos direitos dos negros nos Estados Unidos, é repetida por Douglas Belchior, 34, expoente do movimento negro paulistano e novo blogueiro da CartaCapital, para ilustrar a situação racial no Brasil. “Menos de ¼ da história do Brasil aconteceu livre da escravidão. Até agora nós tivemos avanços pontuais, mas nenhuma grande mudança, especialmente de mentalidade.”
A primeira mudança de mentalidade que Belchior tenta promover é o combate à ideia de que não existe racismo no Brasil. “O Brasil é um país cultural e estruturalmente racista, construído sobre a escravidão e que nos anos 30 desenvolveu um discurso sui generis para substituir o discurso da supremacia racial, a grande criação política e ideológica de Gilberto Freyre (Casa-Grande & Senzala), a ideia da democracia racial.Esse pensamento, que sugere a miscigenação tranquila e fraterna entre brancos, negros e índios, na verdade serve até hoje para cimentar a opressão racial, uma das bases fundamentais para a manutenção das desigualdades sociais no Brasil” diz ele, professor de história formado pela PUC e membro do conselho da UNEafro Brasil.
No Brasil não aconteceu a segregação racial violenta que tomou conta dos Estados Unidos especialmente nos anos 60 do século XX, mas isso não significa que a vida dos negros tenha se desenvolvido de maneira muito melhor. “Nos EUA o conflito racial apareceu mais marcado, explícito, diferente do Brasil onde sua presença é negada, velada e maquiada apesar de socialmente presente e permanente em nossas vidas”, diz.
Por aqui, ele ressalta, o racismo está inserido no modo geral de ver o mundo e em todos os espaços sociais, inclusive em programas de televisão que aparentemente parecem grandes progressos como o Esquenta!de Regina Casé, na Globo. “Apesar do esforço de Casé e de sua luta em defesa da dignidade do povo preto e pobre, o programa reproduz o ideal de miscigenação alienante, como já disse o ativista negro Izaqueu Alves, do MidiaPreta-RJ. Você vê e pensa que ele é ótimo, não é? Pensa que é um avanço, cheio de pretos dando entrevista”, diz. “Mas depois você vê que é o mesmo estereótipo de sempre, a mesma representação do negro, do lugar social do negro. É a democracia racial ao vivo, a cores e com discurso e estética super-renovada. É a propaganda da conciliação de classes explícita onde o Olodum e o Afrorregae aparecem como amigos da Fiesp ou do Agronegócio. Pretos sorridentes e felizes interagindo com artistas brancos igualmente sorridentes com seu status quo bem resolvido, juntos e misturados, como se isso se repetisse no cotidiano da vida. Mas sabemos que não é assim.”
O racismo está presente na atuação das forças de repressão do estado, quando classificam “todo preto como suspeito, como aconteceu em Campinas, através de uma ordem oficial do comando da PM”, está estampado no número de mortes de negros anualmente. “É extremamente importante que a Comissão da Verdade e o movimento pelos direitos humanos no Brasil passem a limpo a história da ditadura militar. Temos que fazer o mesmo com a História da escravidão e com o conflito racial e o genocídio que é promovido hoje contra jovens negros. Quem chora nossos mortos? Porque a morte negra não comove?”
O caminho da educação
“Talvez se o policial que hoje tem 22 anos tivesse tido uma educação melhor, se tivesse aprendido mais sobre a história da cultura afro-brasileira, como determina a lei 10639 de 2003, talvez ele não olhasse para os negros sempre como suspeitos”, diz Belchior, chegando ao ponto alto do que ele crê que é necessário para essa mudança de mentalidades: a educação.
Belchior é defensor da política racial de cotas em universidades e atuante na UNEafro-Brasil, uma das redes de cursinhos comunitários que dá chance aos estudantes de baixa renda se prepararem para o vestibular. Ele mesmo só conseguiu entrar na PUC, depois de passagens frustradas por duas faculdades, por causa de um desses cursinhos, e pôde se manter lá até se formar por causa de uma bolsa oferecida pela faculdade.
A primeira mudança de mentalidade que Belchior tenta promover é o combate à ideia de que não existe racismo no Brasil. “O Brasil é um país cultural e estruturalmente racista, construído sobre a escravidão e que nos anos 30 desenvolveu um discurso sui generis para substituir o discurso da supremacia racial, a grande criação política e ideológica de Gilberto Freyre (Casa-Grande & Senzala), a ideia da democracia racial.Esse pensamento, que sugere a miscigenação tranquila e fraterna entre brancos, negros e índios, na verdade serve até hoje para cimentar a opressão racial, uma das bases fundamentais para a manutenção das desigualdades sociais no Brasil” diz ele, professor de história formado pela PUC e membro do conselho da UNEafro Brasil.
No Brasil não aconteceu a segregação racial violenta que tomou conta dos Estados Unidos especialmente nos anos 60 do século XX, mas isso não significa que a vida dos negros tenha se desenvolvido de maneira muito melhor. “Nos EUA o conflito racial apareceu mais marcado, explícito, diferente do Brasil onde sua presença é negada, velada e maquiada apesar de socialmente presente e permanente em nossas vidas”, diz.
Por aqui, ele ressalta, o racismo está inserido no modo geral de ver o mundo e em todos os espaços sociais, inclusive em programas de televisão que aparentemente parecem grandes progressos como o Esquenta!de Regina Casé, na Globo. “Apesar do esforço de Casé e de sua luta em defesa da dignidade do povo preto e pobre, o programa reproduz o ideal de miscigenação alienante, como já disse o ativista negro Izaqueu Alves, do MidiaPreta-RJ. Você vê e pensa que ele é ótimo, não é? Pensa que é um avanço, cheio de pretos dando entrevista”, diz. “Mas depois você vê que é o mesmo estereótipo de sempre, a mesma representação do negro, do lugar social do negro. É a democracia racial ao vivo, a cores e com discurso e estética super-renovada. É a propaganda da conciliação de classes explícita onde o Olodum e o Afrorregae aparecem como amigos da Fiesp ou do Agronegócio. Pretos sorridentes e felizes interagindo com artistas brancos igualmente sorridentes com seu status quo bem resolvido, juntos e misturados, como se isso se repetisse no cotidiano da vida. Mas sabemos que não é assim.”
O racismo está presente na atuação das forças de repressão do estado, quando classificam “todo preto como suspeito, como aconteceu em Campinas, através de uma ordem oficial do comando da PM”, está estampado no número de mortes de negros anualmente. “É extremamente importante que a Comissão da Verdade e o movimento pelos direitos humanos no Brasil passem a limpo a história da ditadura militar. Temos que fazer o mesmo com a História da escravidão e com o conflito racial e o genocídio que é promovido hoje contra jovens negros. Quem chora nossos mortos? Porque a morte negra não comove?”
O caminho da educação
“Talvez se o policial que hoje tem 22 anos tivesse tido uma educação melhor, se tivesse aprendido mais sobre a história da cultura afro-brasileira, como determina a lei 10639 de 2003, talvez ele não olhasse para os negros sempre como suspeitos”, diz Belchior, chegando ao ponto alto do que ele crê que é necessário para essa mudança de mentalidades: a educação.
Belchior é defensor da política racial de cotas em universidades e atuante na UNEafro-Brasil, uma das redes de cursinhos comunitários que dá chance aos estudantes de baixa renda se prepararem para o vestibular. Ele mesmo só conseguiu entrar na PUC, depois de passagens frustradas por duas faculdades, por causa de um desses cursinhos, e pôde se manter lá até se formar por causa de uma bolsa oferecida pela faculdade.
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