Artes, perguntado por 988870623, 10 meses atrás

Em que tipo de jornais ou revistas publicam - se críticas de arte​?

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Respondido por annabf55
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Não haver crítica de arte no Brasil seria um desastre, na hipótese de que seja verdade. A crítica é um componente fundamental do sistema das artes tal como o conhecemos e, portanto, me parece que sua contribuição será sempre da maior importância. Ela é o que garante que o sistema seja criticado de dentro e que as ideias circulem também para além das trocas. Se há decadência na crítica militante, ela pode ser atribuída parcialmente à falência dos projetos editoriais da grande imprensa. Para reparar isso, seria necessário criar mecanismos de estímulo à crítica, por exemplo, exigindo que as pessoas do meio de arte leiam mais. Será que isso é pedir demais?

Marcos Augusto Gonçalves 

Jornalista, editor do caderno Ilustríssima, da Folha de S. Paulo

A crítica de arte certamente não acabou, mas tem passado por transformações. No Brasil, onde as instituições e as condições gerais são mais precárias, vê-se que são crescentes as dificuldades para um crítico exercer sua atividade de maneira digna e independente – o que requer meios materiais condizentes. Os jornais, como se sabe, enfrentam uma crise estrutural. Muitos desapareceram e os que permanecem dedicam pouco espaço à crítica de mais fôlego. O próprio leitor, em meio à dispersão midiática, tende a impor uma demanda por informações mais rápidas e pragmáticas, voltadas para a orientação do consumo, do tipo “vale a pena ou não eu sair de casa para ver isso?”. Em países mais ricos, como os EUA, ainda subsiste uma crítica importante na imprensa, que pode ser considerada ruim ou boa, mas exerce uma função. Os grandes jornais, como The New York Times e Los Angeles Times, publicam textos críticos sobre os principais eventos do circuito, e há revistas e blogs especializados. Outro espaço tradicional da crítica é o meio universitário. Aqui, de certa forma, o ambiente é mais propício do que o da imprensa, mas há outros problemas. A universidade tende a ser refratária ao que identifica como cultura de “mercado” e parte da produção acadêmica é cifrada e voltada para o público interno. Não circula como poderia e acaba em muitos casos sendo estéril. Uma tendência que se consolidou nos últimos anos e ganhou força no Brasil foi a transformação do crítico em curador. A curadoria não deixa de ser uma forma de crítica ao propor uma seleção, um recorte, uma reflexão. Mas, apesar dessa afinidade, não é uma instância crítica propriamente – nem tem o distanciamento necessário para isso.

Jochen Volz 

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