Em entrevista recente sobre seu novo livro, o filósofo Mario Sergio Cortella tratou do tema da busca pelo propósito no trabalho, especialmente entre a geração Y. O escritor defende que o imediatismo dessa geração e a criação protetora dos pais criaram um cenário de frustração latente na vida profissional dos jovens, dada a incompatibilidade de suas pretensões com a realidade imediata.
BBC Brasil - Pelo que vemos nas redes sociais, os jovens estão trazendo essa discussão de forma mais intensa. Você percebeu isso?
Mario Sergio Cortella - Há algum tempo tenho tido leitores cada vez mais jovens. Como me tornei meio pop, é comum estar andando num shopping e um grupo de adolescentes pedir para tirar foto.
Uma parcela dessa nova geração tem uma perturbação muito forte, em relação a não seguir uma rota. E não é uma recuperação do movimento hippie, que era a recusa à massificação e à destruição, ao mundo industrial.
Hoje é (a busca por) uma vida que não seja banal, em que eu faça sentido. É o que muitos falam de 'deixar a minha marca na trajetória'. Isso é pré-renascentista. Aquela ideia do herói, de você deixar a sua marca, que antes, na idade média, era pelo combate.
O destaque agora é fazer bem a si e aos outros. Não é uma lógica franciscana, o "vamos sofrer sem reclamar". É o contrário. Não sofrer, se não for necessário.
Uma das coisas que coloco no livro é que não há possibilidade de se conseguir algumas coisas sem esforço. Mas uma das frases que mais ouço dos jovens, e que para mim é muito estranha, é: quero fazer o que eu gosto.
BBC Brasil - Esse é um pensamento comum entre os jovens quando se fala em carreira.
Mario Sergio Cortella - Muito comum, mas está equivocado. Para fazer o que se gosta é necessário fazer várias coisas das quais não se gosta. Faz parte do processo.
Adoro dar aulas, sou professor há 42 anos, mas detesto corrigir provas. Não posso terceirizar a correção, porque a prova me mostra como estou ensinando.
Não é nem a retomada do 'no pain, no gain' ('sem dor, não há ganho'). Mas é a lógica de que não dá para ter essa visão hedonista, idílica, do puro prazer. Isso é ilusório e gera sofrimento.
(Fonte: FAGUNDEZ, I. Bem-formada, nova geração chega mal-educada às empresas, diz filósofo. Disponível em: . Acesso em 11/04/2017.)
Escolha a alternativa coerente com a visão do filósofo:
Escolha uma:
a. Os jovens que buscam “deixar uma marca” no trabalho sofrem de perturbações psíquicas do tipo querer ser herói.
b. A busca pela satisfação profissional deve estar acompanhada da consciência de que não se pode evitar grande esforço e alguns desprazeres.
c. A rebeldia da juventude atual reafirma a geração hippie dos anos 1960 que questionava a padronização da vida e dos padrões de consumo.
d. O único resultado possível da busca por um sentido no trabalho que seja exterior a ele mesmo é sofrimento e frustração.
e. A busca pelo propósito no trabalho é incompatível com a realidade, pois não é possível conciliar satisfação pessoal com sucesso profissional.
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b. A busca pela satisfação profissional deve estar acompanhada da consciência de que não se pode evitar grande esforço e alguns desprazeres.
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Resposta: A busca pela satisfação profissional deve estar acompanhada da
consciência de que não se pode evitar grande esforço e alguns
desprazeres.
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