Geografia, perguntado por lopesberroxd, 9 meses atrás

É possível afirmar que a maior presença de meninas na escola indica ausência de desigualdade de gênero? Justifique sua resposta.

Soluções para a tarefa

Respondido por UmaanonimaS2
2

Resposta:

Mesmo quando matriculadas, a discrepância de direitos em relação a seus pares masculinos permanece. Podem estar nas salas de aula, mas a invisibilidade, opressões e violências recaem, sobretudo, sobre elas. Tudo isso pelo simples fato de terem nascido meninas.

Mesmo nas salas de aula, a invisibilidade, opressões e violências recaem, sobretudo, sobre elas.

Não à toa diversas organizações sociais e movimentos internacionais têm direcionado esforços, nos últimos anos, para a inclusão das meninas nos processos de escolarização. Um exemplo é o Girl Rising, que defende que essa é uma maneira eficaz de acabar com ciclos perversos como o da pobreza.

A ONU concorda, tanto que seu Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5 estabelece metas de curto, médio e longo prazo para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas.

No Brasil, embora tenha sido alcançada a paridade de gênero nas matrículas em praticamente todas as etapas da Educação Básica e, no Ensino Superior, a relação das mulheres seja de 1.4 para cada homem, os desafios ainda são muitos.

Na prática, o acesso ainda padece para reverberar em iguais oportunidades dentro e fora dos muros da escola. “A entrada das jovens mulheres no mundo do emprego é muito diferente daquela vivida pelos jovens homens, inclusive, no que diz respeito à representatividade nas diferentes carreiras”, aponta Viviana Santiago, gerente de Gênero e Incidência Política da Plan International Brasil.

Além disso, entre os jovens “nem-nem”, isto é, que nem trabalham nem estudam o índice de mulheres representa quase o dobro do dos homens. “Os papéis tradicionais de gênero ainda colocam as meninas para desempenhar com exclusividade os trabalhos domésticos, o que acaba levando a uma frequência irregular ou à evasão da escola. Entre os ‘nem-nem’, temos uma porcentagem grande de mães adolescentes ou jovens casadas e vale ainda ressaltar a influência do gênero quando olhamos para o trabalho infantil”, alerta Viviana.

Inclusão das meninas na educação

Segundo a Unesco, cerca de 16 milhões de meninas nunca terão chance de ir à escola.

Crédito: Reprodução Facebook/Girl Rising

Ser menina no Brasil

Para além dos desafios, alunas de escolas públicas e particulares, do campo e da cidade, possuem algo em comum: gostam de ir para a escola e estão satisfeitas em serem meninas. É o que mostra a pesquisa Por Ser Menina, da Plan International Brasil (2014), que reúne as percepções de meninas de 6 a 14 anos sobre aspectos que facilitam e/ou impedem o desenvolvimento de suas habilidades e a garantia de seus direitos em âmbitos como escola e família.

Para além dos desafios, alunas de escolas públicas e particulares, do campo e da cidade, possuem algo em comum: gostam de ir para a escola e estão satisfeitas em serem meninas

“As meninas gostam da escola, sentem-se bem quando estão na escola. Vejo que este direito à educação está bem compreendido, apesar de fazer-se necessário avançar na garantia da permanência com a aprendizagem de todos e todas”, coloca Lêda Gonçalves de Freitas, coautora do livro Ser Menina no Brasil Contemporâneo – Marcações de Gênero em Contexto de Desigualdades, originado a partir do levantamento.

Os depoimentos feitos à pesquisa confirmam esta necessidade. Se a maioria das entrevistadas relataram que “ser menina é ser alegre, feliz, dedicada, honesta, doce, carinhosa, corajosa, atenciosa, bonita, charmosa”, entre outros atributos, um número bem menor destacou que é “ter os próprios direitos”, “ter sua opinião”, “ser respeitada”, “não ser discriminada”, “não ser violada”.

A discriminação de gênero também salta aos olhos quando o escopo é o ambiente familiar. Elas relatam, por exemplo, serem as únicas responsáveis pelos afazeres domésticos e que os meninos podem namorar enquanto as meninas não. “A desigualdade de gênero começa em casa. Ainda há uma hierarquia de gênero que coloca as meninas em condições inferiores em relação aos meninos”, explica Lêda.

Relatos testemunhados por Viviana nas escolas endossam esse quadro, evidenciando a divergência entre os papéis assumidos por meninas e meninos na dinâmica e códigos escolares. “Um exemplo é a recorrente censura à vestimenta das meninas, que revela a insistência no controle de suas sexualidades. Outro foi um episódio que ouvi de um casal que estava se beijando na escola. A decisão da direção foi suspender a menina e nenhuma represália foi feita ao menino”.

.

Perguntas interessantes