E o meu peito das águas se esborrifa, ventarrão vem, se
encapela
Engruvinhado de dor que não se suporta mais.
Me sinto o pai Tietê! ôh força dos meus sovacos!
Cio de amor que me impede, que destrói e fecunda!
Nordeste de impaciente amor sem metáforas,
Que se horroriza e enraivece de sentir-se
Demagogicamente tão sozinho! Ô força!
Incêndio de amor estrondante, enchente magnânima que
me inunda,
Me alarma e me destroça, inerme por sentir-me
Demagogicamente tão só!
Mário de Andrade, em um dos seus textos teóricos, declarou: “Pronomes? Escrevo brasileiro”.
Essa declaração – que se refere às normas de colocação pronominal – encontra-se em consonância com o ideário modernista de afirmação de uma expressão nacional da língua, diferenciando-a da sintaxe lusitana.
ANDRADE, M. de. A Meditação sobre o Tietê
No fragmento anterior, exemplifica esse “uso brasileiro” do pronome o seguinte verso:
a) Engruvinhado de dor que não se suporta mais.
b) Me sinto o pai Tietê! ôh força dos meus sovacos!
c) Cio de amor que me impede, que destrói e fecunda!
d) Que se horroriza e enraivece de sentir-se.
e) Incêndio de amor estrondante, enchente magnânima que me inunda.
Soluções para a tarefa
Analisando o uso dos pronomes, podemos perceber que o pronome "Me" empregado na opção B é a que mais aparenta estar no uso abrasileirado. O uso correto do "Me" em algumas colocações é depois do verbo.
No caso do verbo sinto, que esta no gerúndio presente do indicativo, o pronome deveria vir depois, ficando “Sinto-me”.
No jeito não abrasileirado, a frase deveria ser " Sinto-me o pai Tietê”. O autor, no entanto, gosta de usar o pronome no jeito abrasileirado, por isso, ele opta por colocar o pronome antes do verbo.
Opção B.
Resposta:
B) Me sinto o pai Tietê! ôh força dos meus sovacos! ⭐✅
Explicação:
Uma das questões que caracterizam a diversidade histórico-geográfica que se registra no português exercido nas suas
origens lusitanas e na ambiência brasileira é mesmo a colocação do pronome pessoal oblíquo átono. Segunda a norma da língua-
padrão, de inspiração lusitana, não se deve iniciar frase, período ou oração por esse tipo de pronome. No Brasil, contudo – até
porque entre nós sua característica não é a atonicidade –, essa colocação é comum e acaba por constituir-se, mesmo, uma das
marcas do falar brasileiro.
Registre-se que, nas demais opções, não ha casos de início de frase, período ou oração, mas exemplos de próclise obrigatória,
motivada por construções com orações subordinadas.
Resposta correta! Espero ter ajudado!!! ✨