É nós távamo voltando né... eu e meu pai... távamo voltando dum teste de teatro que eu fui fazê... daí tava o carro do meu pai e um carro na frente e daí de repente, não sei que deu na loca do coiso lá... o fusquinha... ele virô assim... sem dá seta nem nada e nem era lugar di virá e o meu pai tava logo atrás dele, tava indo ultrapassá... tava indo ultr... meu pai tava indo ultrapassá o fusquinha. É... né... daí o coitado virô... daí o meu pai... ele tentou desviá assim ... e fez um barulhinho esquisito: aiiirrrchrrri...ele tentou desviá assim e daí ele foi desviá mais o cara do fusca em veiz de brecá, ele continuô... daí bateu na traseira do meu pai, eu não era muito alto assim... então olhei pro céu e vi tudo rodando assim... acho que o meu pai deu três volta assim... rodando, foi... eu falei: Viche Maria, o que tá acontecendo... e daí até aí eu não tava com tanto medo, né... foi uma legal vê as coisinha rodando. Daí, num tava com tanto medo... daí meu pai... ele mudou de marcha e “Brrrruuuuummmmmmm”... foi atrás do coitadinho do fusca... e daí eu, ai meu Deus, meu zóio ficô deste tamanho, deu aquela dorzinha na barriga... eu... ai, meu Deus, quê que meu pai vai fazê... – Não pai, dexa, pai... não córri atrás deli não, pai... dexe... ele é meio ceguinho mesmo. E daí... sorte que o pára-lama do fusca caiu e tava relando na roda, ele teve que incostá... daí o meu pai incostô lá...junto dele... eu iche... aí o problrema, né... e se o cara tivé alguma coisa, né... um pedaço de pau... um revólve... se o.. fiquei quietinho no meu canto, né...daí o meu pai chegô lá, falô, brigô com ele: - Ó, você vai tê qui pagá, não sei o.. não sei o que lá, daí falô o carinha: -Não, tá bom, não, tudo bem... o erro foi meu... tal e tal. Daí o meu pai pegô o documento dele... e falô: erererererrrr.. não é que esse “erererererrrr”... menores de dezoito anos... e daí nós voltamo com o carro todo amassado assim... daí, no dia seguinti, meu pai foi no trabalho do cara e o cara deu o dinheiro e pagô o conserto do carro.
No ato de fala, não houve qualquer problema especial de compreensão por parte dos interlocutores. Pode-se dizer que esta é uma amostra da língua viva de todos os dias, de um falante escolarizado e de classe social acima da média.
a) Realize um levantamento das características presentes no texto que podem definir a linguagem oral, elencando itens (pelo menos 15 características).
b) A seguir, mantendo as informações básicas do texto original, reescreva o texto, adequando-o à norma culta.
c) Em uma interação oral informal, você falaria dessa forma? Justifique.
e) Disserte se a linguagem apresentada no texto acima estaria presente ou não em textos acadêmico-científicos.
Soluções para a tarefa
a) Linguagem oral em texto, também conhecido como marca de oralidade, é quando escrevemos de acordo com como falamos. Será listado alguns exemplos em relação ao texto para que você consiga analisar e encontrar os demais:
- Távamo: encurtamento de palavra
- Né: expressão oral para concordância
- Daí: contração oral para continuidade
- Virô: encurtamento de palavra e entonação na letra errada
- Excesso de reticências: marca de pensamento para falar como os famosos "ée" "ai"
- Aiiirrrchrrri: barulho com a boca, sonoplastia
- Zóio: criação de palavra nova ou coloquialismo para uma já existente "olhos"
b) Para reescrever o texto é necessário retirar todas as marcas de oralidade e substituir pela norma culta. O último parágrafo ficará como o do enunciado para que você possa praticar usando os parágrafos anteriores de base:
Nós estavamos voltando, meu pai e eu, de um teste de teatro que participei. Tinha o carro do meu pai e um na frente, durante a volta, quando de repente o fusca, que estava na frente, deu meia volta sem qualquer sinalização e em um lugar que não era permitido esse tipo de manobra.
Meu pai, que estava tentando ultrapassar, tentou desviar e ao invés do fusca parar, continuou em nossa direção. Um barulho estranho soou e ainda sim o fusca não freiou. Quando vimos, tinha batido na traseira do nosso carro. Como eu não era muito alto, olhei para o céu e comecei a ver tudo girando, acredito que meu pai tenha dado umas três voltas. Foi quando falei:
- O que está acontecendo?
Até então, eu não estava com tanto medo, foi até legal ver tudo girando. Mas, meu pai, mudou de marcha e foi atrás do fusca. Fiquei apavorado, meus olhos arregalaram e me deu até uma dor de barriga. Fiquei me questionando o que ele iria fazer, pedi para que esquecesse o ocorrido, mas ele não parou.
Por sorte, o paralama do fusca caiu e começou a encostar na roda. Nisso, o motorista teve que parar no acostamento; e meu pai, encostou logo atrás. Meu medo ficou pior, fiquei pensando: e se o motorista tiver um pedaço de pau? Um revolver?
Fiquei quieto. Meu pai saiu do carro, foi até o da frente. Conversou, discutiu e pediu para que ele pagasse o conserto. O outro motorista apenas assumiu a culpa.
(Agora sua vez, tente reescrever o pedacinho que falta).
c) Se for igual a reescrita do exercício B, não. Porém, se for igual ao enunciado, muito provavelmente sim. A reescrita é de certa forma formal demais para uma conversa coloquial com os amigos, um ambiente informal.
d) Não, a linguagem do texto no enunciado não estaria em artígos científicos, pois esses artigos precisam de uma linguagem formal.
Quando usar a linguagem formal e informal?
Quando for se comunicar é importante que se atente ao ambiente em que esta inserido.
Quando for falar com alguem hierárquicamente superior, seja formal; ao escrever emails na empresa, formal. Trabalhos acadêmicos? Formal!
Entretanto, para mensagens de texto, conversa entre amigos ou familiares, a linguagem informal é sempre bem-vinda.
Entenda mais sobre marcas de oralidade em: https://brainly.com.br/tarefa/52050114
#SPJ1