Diversos motivos são apontados pelos historiadores para explicar a predominação da escravidão africana em relação a indigena em áreas exportadoras, desde o século XVII:
- o índio não estava adaptado ao trabalho na lavoura, que era incumbencia das mulheres indígenas.. Havia uma barreira cultural difícil de ser rompida pelo colonizador;
- o contato intenso com os colonizadores nas aldeias e nos engenhos , levou a transmissão de várias doenças européias epidêmicas como a varíola, gripes, etc. Os indígenas não tinham resistência imunológica e milhares deles morriam em decorrência disso, fazendo com que os senhores de engenho considerassem arriscado investir tempo e capital no treinamento do trabalho indigena;
- muitos negros provinham de culturas familiares com a metalurgia e criação de gado, atividades úteis na atividade açucareira;
- vários setores da Igreja e da Corôa se opuseram a escravização dos indígenas, mas não combateram a escravização africana.
- a resistência à submissão da parte dos indígenas e as consequentes fugas tornaram a escravidão indígena menos atraente e llucrativa;
- a preferência pela escravidão africana foi especialmente motivada pelos lucros gerados pelo tráfico negreiro. Com o indígena, os lucros ficavam dentro da colônia, já com o tráfico negreiro, os lucros iam para a metrópole e os negociantes envolvidos e para a Corôa, que recebia os impostos. Por isso a escravidão africana foi incentivada enquanto que a indígena foi desestimulada e até mesmo proibida em certos lugares e períodos.
Descrição da atividade:
Analise a imagem abaixo e interprete de acordo com o texto acima. Examine cada detalhe expresso pelo pintor na cena desumana a que eram submetidos os escravos africanos em sua vinda para o Brasil.
Inspeção de escravas recém-desembarcadas da África. Paulo Harro Harring (1841).
Soluções para a tarefa
Na imagem Inspeção de negras recentemente desembarcadas da África, podemos perceber a intenção de Harro-Harring de apresentar cada uma das figuras em cenas como intérpretes de papéis sociais que expressariam as tensões intrínsecas nas relações entre senhores e escravos. Se partirmos do ponto de vista de alguém que lutava pelos direitos dos povos contra a opressão causada pelo antigo regime e pela escravidão, podemos deduzir que o objetivo é levar aquele que observasse tal imagem a constatar a violência da escravidão e seu efeito desumanizante no senhor, mas principalmente sobre o escravo.
Vale notar, que o interior do mercado de escravos destoa do espaço cuidadosamente geometrizado das pinturas neoclássicas, representada exemplarmente pelo Juramento dos
Horácios de David pintado em 1784. O mercado de escravos se apresenta de forma confusa e
sufocante, as colunas e os arcos constituem-se em diferentes alturas exprimindo algo para além
da ordenação racional típica do neoclassicismo, que preferia representar espaços interiores
justamente pela possibilidade de demonstrar a clareza e a racionalidade nos espaços tectônicos.
No espaço dedicado à inspeção de negros recém desembarcados, ocorre o contrário, o ambiente
se apresenta como um lugar obscuro, árido e claustrofóbico. Até mesmo hoje essa imagem ainda
não perdeu todo o seu poder, pois ela ainda consegue inspirar em quem a observa um pouco da
sensação que as cativas pareciam estar sentindo em meio tamanha crueldade e violência.
(encontrei no google, é um relato do Paulo Harro Harring falando sobre a imagem, se quiser pode trocar essas palavras difíceis por palavras mais fáceis, pra entender melhor.)