Dilúvio
Chove. O céu nublado e a água umedecendo a terra deveriam me deixar feliz. É a promessa do fim da estiagem [...].
Não consigo apreciar a chuva, a cortina do medo modifica o ambiente e entorta a realidade. Não que a realidade nestes dias de caos seja algo a se apreciar, mas o medo a deforma ainda mais.
E não é um medo comum [...]. É o medo da própria sensação de me sentir humana. Sim, humana como os demais seres que ora aprecio, ora critico. Tenho tantas fragilidades quanto os demais, talvez tenha mais esta de me analisar e tentar me tornar palavras e derramar o que sinto.
Nem sempre me reconheço assim, muitas vezes passo dias e dias desfrutando o encontro com meu poder pessoal. Assobio canções, balanço o corpo com uma leveza inusitada, espalho e colho boas energias. Encontro meu espaço e desfruto de estar comigo mesma.
Assim, quando um evento inesperado, como [...] uma perda monetária me atinge, sinto-me atordoada. O turbilhão de pensamentos não para e atropela as certezas. [...]
Então eu sou tão humana, passional e passível de erros ridículos quanto qualquer um? [...]
Sim. Tão mediana, corriqueira e comum e invisível como qualquer um.
Então fujo para a escrita, para a poesia. Investigo algo maior que eu possa ter dentro, algum enfeite que passou despercebido, algum detalhe que faça a diferença. Não precisa muita coisa. Uma miçanga, um brilho do carnaval passado, uma luz em um olhar de verão. [...]
É uma fuga esse desvendar-me nas frases. Como se pudesse me recriar, me reordenar de uma maneira definitiva. Diminuo o vento dos pensamentos e tento impedir de que se forme um furacão e que destruam as estruturas já abaladas.
Penso que consigo e quase sorrio, porém, olho pela janela e vejo que a chuva parou. A estiagem ainda não se foi. E o fio das preocupações volta a balançar frases feitas sobre o clima, sobre o meio ambiente, sobre a imbecilidade dos seres humanos. E por fim, sobre a minha própria humanidade que foi o início de todo redemoinho. [...]
Termino o texto e percebo o alívio da entrega. [...] Estou em paz com minha humanidade.
Nesse texto, no trecho “Então fujo para a escrita, para a poesia. ” (8º parágrafo), o recurso estilístico foi utilizado para
(a) apontar que o narrador evita cumprir suas tarefas.
(b) indicar que o narrador sente conforto ao escrever.
(c) mostrar que o narrador esquece algumas palavras.
(d) revelar que o narrador ignora a leitura de poemas.
(e) sugerir que o narrador pretende se tornar escritor.
Soluções para a tarefa
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(b) indicar que o narrador sente conforto ao escrever.
Explicação:
o trecho em si ja da a resposta,ele busca conforto na escrita para "fugir dos problemas" .
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