História, perguntado por bibipretinha2016, 4 meses atrás

Dia a dia de luzio primeiro habitante de sao paulo

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Respondido por sofiaalves3499928
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A noite de 7 de setembro de 1822 foi de festa para os moradores da pequena cidade de São Paulo. Apenas algumas horas antes, quando retornava de Santos, o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara havia proclamado a Independência do Brasil. Com a Casa da Ópera lotada, Dom Pedro era aclamado o primeiro rei do Brasil.

Em 1822, os limites de São Paulo eram bem mais estreitos: a cidade propriamente dita se estendia do Largo de São Bento ao de São Gonçalo (praça João Mendes) e da rua Nova de São José (Líbero Badaró) à de Santa Teresa (do Carmo), até a Tabatingüera, na área que compreende o delta dos rios Anhangabaú e Tamanduateí. A cidade tinha menos de 10 mil habitantes. Um lugar muito diferente da gigantesca metrópole dos dias de hoje.

Alguns locais, como a Sé e os largos de São Francisco e São Bento, mantém a mesma nomenclatura daquele tempo. Outros, porém, mudaram de nome. Casos, por exemplo, da rua do Rosário, hoje XV de Novembro, Becco da Cachaça e rua do Cotovello, hoje rua da Quitanda e Beco do Inferno, hoje rua do Comércio.

Mas a cidade já começava a ampliar seus horizontes. Novas residências se distribuíam ao longo da rua de São João Batista (atual avenida São João), ao longo da rua do Piques (Consolação), do caminho para Santo Amaro, no Brás, em Santa Ifigênia e na Luz.

Durante cerca de dois séculos, a cidade havia sido um importante ponto de partida das bandeiras, fossem elas para o norte, para o oeste ou para o sul. No entanto, o ciclo das bandeiras se esgotara e São Paulo estava estagnada. Muitos de seus habitantes deixaram a cidade para ir procurar ouro em Minas Gerais.

O viajante e botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, que visitou o Brasil inteiro e esteve em São Paulo em 1819 e em 1822, ficou muito admirado com a cidade, dizendo ser a mais bela que conheceu em suas andanças pelo Brasil. Mas afirmava também que “a cidade de São Paulo mais não é do que um centro de depósito de mercadorias da Europa e de trânsito para os produtos do país; é-lhe indispensável o porto de Santos, o qual poderia, em rigor, dispensá-la. São Paulo nunca teria sido, certamente, mais florescente do que Santos, se não se tivesse tornado a capital da Província e a sede residencial de todas as autoridades civis e eclesiásticas”. Tão pacata era a cidade que, conta o viajante, era possível aos presos que ficavam na cadeia junto à Câmara Municipal conversar com os transeuntes.

Se as diferenças entre a cidadezinha e a metrópole são óbvias, não há como negar certas semelhanças entre elas. Mesmo alguns dos problemas enfrentados hoje, já eram sentidos naquela época. Como a falta de planejamento, por exemplo. Assim, conta o historiador Affonso A. de Freitas, o carpinteiro Francisco Gomes Tavares, nomeado arruador da cidade em 1753, reclamava dos “inconvenientes das ruas, e becos, que deveriam ser direitos, estarem todos sem ordem por falta de haver um oficial arruador”, conforme consta do documento que promoveu sua nomeação.

A saúde também já era uma preocupação dos paulistanos. Sete médicos atendiam a cidade. A única instituição oficial para tratar os doentes era o hospital militar. A enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, que existia desde 1715, mantinha em tratamento muitos escravos enfraquecidos pela travessia do Atlântico, e freqüentemente a Santa Casa ficava sobrecarregada. Na Luz, a Santa Casa mantinha um lazareto, para quarentena de suspeitos de lepra, que também eram mal assistidos.

Além dos problemas existentes, o crescimento populacional também representava ameaça à comunidade. De acordo com Richard Morse, “durante a maior parte do século XVIII, São Paulo e suas paróquias rurais contavam apenas 2.500 a 4.000 habitantes; em 1790 havia mais de 8.000 e na década de 1820 , mais de 20.000”. Isso, somado à questão do recolhimento do lixo – sim, naquela época, o lixo já dava dor de cabeça... -, aumentava o risco de que doenças proliferassem na cidade. Também a água já gerava alguns inconvenientes, tanto durante as secas, que prejudicavam o abastecimento, como durante as chuvas, que causavam enchentes.

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