Sociologia, perguntado por fabiolaantunesp6w7f0, 1 ano atrás

Descreva brevemente a vida de Norbert Elias e relacione-a a sua analise sobre os estabelecidos ela outsiders

Soluções para a tarefa

Respondido por gabrielfeitosad
2
Civilização e modernidade são conceitos que expressam, antes de tudo, nossa forma de ser e estar no mundo. Os indivíduos civilizados se encontram em uma modernidade que não se assemelha àquela idealizada pelo Iluminismo, apesar dos ganhos científicos e tecnológicos. A modernidade que se apresenta é ambivalente e difícil de se decifrar, e a conduta civilizada procura parâmetros de orientação. A partir deste contexto, o presente trabalho aborda a temática da civilização na modernidade a partir das contribuições de Norbert Elias, principalmente no que diz respeito aos rumos da violência na atualidade, bem como ao cuidado que devemos ter com nosso processo civilizador. 

Texto 
“As pessoas do século XX são, com freqüência, implicitamente propensas a ver-se e a ver sua época como se os seus padrões de civilização e racionalidade estivessem muito além do barbarismo de antes e o das sociedades menos desenvolvidas de hoje. Apesar de todas as dúvidas que envolveram a crença no progresso, a imagem que essas pessoas têm de si mesmas permanece impregnada por tal crença. Entretanto seus sentimentos são contraditórios, um misto de auto-amor e de auto-ódio, de orgulho e de desespero – orgulho na extraordinária capacidade para as descobertas e as iniciativas audaciosas de sua época, e para os progressos humanizadores a que ela vem assistindo, desespero a respeito de suas próprias e irracionais barbaridades” . 
Atualmente, nos vemos envolvidos em questões que dizem respeito ao crescimento das incertezas que caracterizam os caminhos de nossa civilização. Infelizmente, apesar de todo desenvolvimento material, técnico e científico, moral e filosófico, e das terríveis experiências com duas guerras mundiais, a humanidade não consegue superar as situações de guerra, de exploração humana e de extrema pobreza. Ao que tudo indica, a humanidade ainda não conseguiu aprender com os erros do passado. As ações terroristas nos dias atuais difundem o medo, um medo que se generaliza e esconde as verdadeiras razões de sua existência. 
Em concordância com Anthony Giddens , podemos assentir que o período em que vivemos “(...) é mais ou menos parecido com uma aventura perigosa, que cada um de nós, querendo ou não, tem de participar”. Essa perspectiva de “aventura” está inscrita em um amplo contexto, e só é possível devido às conseqüências da globalização que influenciam e determinam as atividades locais, em qualquer parte do mundo. As ações ocorridas na vida cotidiana se assemelham a uma experiência no sentido que não é possível prever seus rumos, assim, os indivíduos contemporâneos precisam lidar com a emergência de novos tipos de incalculabilidade. 
Cientistas sociais contemporâneos, como Anthony Giddens, Ulrich Beck e Zygmunt Bauman, entre outros, argumentam que uma das características de nossa época é a incerteza. A predominância desse sentimento se deve à dificuldade de prever – com certa margem de segurança, a amplitude das conseqüências das ações tomadas. Paradoxalmente, as inovações tecnológicas, que nos dariam certa margem de segurança e conforto, podem acarretar sérios problemas, principalmente no que diz respeito aos danos causados ao meio-ambiente. Bauman fala do surgimento de um novo tipo de incerteza “(...) não limitada à própria sorte e aos dons de uma pessoa, mas a respeito da futura configuração do mundo, a maneira correta de viver nele e os critérios pelos quais julgar os acertos e erros da maneira de viver”. 
O conhecimento adquirido e desenvolvido ao longo de séculos não oferece soluções para os problemas que surgem na atualidade; como por exemplo a crescente violência nos centros urbanos, decorrente principalmente de grandes desigualdades sociais; os problemas ambientais; a eminência de violência fundamentalista, cada vez mais presente em nosso cotidiano, bem como às formas nada “tradicionais” de lutas que envolvem tais ações. Segundo Elias, o desenvolvimento científico do século XX possibilitou que doenças epidêmicas, com conseqüências desastrosas na Idade Média, fossem controladas. Porém “(...) os nossos pensamentos e ações, no que diz respeito à coexistência social, estão quase no mesmo nível do desenvolvimento que o pensamento e comportamento dos medievais, no que respeitava à peste. Em assuntos sociais, ainda hoje, as pessoas estão sujeitas a pressões e ansiedades que não conseguem compreender”. 
As situações de incerteza, de desconhecimento, de violência e de medo se configuram dia a dia; porém o que somos hoje e as situações que vivenciamos são produtos de um processo histórico. São situações que se modificaram ao longo do tempo e assumem atualmente uma forma distinta. Quando Norbert Elias desenvolveu o seu projeto sobre o processo civilizador, um de seus objetivos era o oferecer um panorama sobre o comportamento do indivíduo civilizado, evidenciar a relação existente entre a alteração nas estruturas sociais e as mudanças de comportamento e sentimentos. Vale lembrar que “O processo civilizador” foi escrito.
Perguntas interessantes