Português, perguntado por emillove, 3 meses atrás

Depois de ler a crônica, reflita sobre o diálogo entre o narrador e Teresa e também
sobre o espaço social que ele revela. Em seguida, responda: embora o texto de
Fernando Sabino seja ficcional, o espaço social ali retratado assemelha-se ao espaço
social real em que vivemos? Justifique sua resposta. (Anglo)

Na escuridão miserável
Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que
alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com
uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da
janela, junto ao meio-fio. [...] Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
– O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente pensando tratar-se de esmola.
– Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.
– O que é que você está me olhando aí?
– Nada não senhor – repetiu. – Tou esperando o ônibus...
Jardim Botânico: nome
pelo qual é conhecido o
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de
Janeiro e do bairro onde
ele se localiza, na zona sul
da cidade.
a medo: com hesitação,
timidamente.
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– Onde é que você mora?
– Na Praia do Pinto.
– Vou para aquele lado. Quer uma carona?
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
– Entra aí, que eu te levo.
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o
carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava
fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:
– Como é o seu nome?
– Teresa.
– Quantos anos você tem, Teresa?
– Dez.
– E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
– A casa da minha patroa é ali.
– Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim
Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às
oito da noite.
– Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.
– Você já jantou?
– Não. Eu almocei.
– Você não almoça todo dia?
– Quando tem comida para levar, eu almoço; mamãe faz um embrulho de comida
pra mim.
– E quando não tem?
– Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez.
[...] Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um
engasgo na garganta me afogava [...]:
– Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.
– Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse para eu não
pedir.
– E quanto é que você ganha?
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma
importância ridícula, uma ninharia, não mais que uns trocados. Meu impulso era voltar,
bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
– Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda,
enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava da Praia do Pinto. Ela
disparou a falar:
– Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as
compras e aí noutro dia pediu a mamãe para eu trabalhar na casa dela, então mamãe
deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete
meninos fora dois grandes que já são soldados, pode parar que é aqui moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na
escuridão miserável da Praia do Pinto.

Soluções para a tarefa

Respondido por lauraescorcata
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Resposta: Sim, porque o texto fala sobre coisas que nos na vida real fazemos, como a menina estar longe de casa esperando pelo ônibus.

Explicação: *N é ctz q esta correto*

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