Declaração de amor Esta é uma declaração de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. [...] Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. [...] Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. LISPECTOR, Clarice. Declaração de Amor. In: VASQUEZ, Pedro K. (org). Crônica para jovens: de escrita e vida. Rio de Janeiro: Editor
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se alguém me perguntasse a que língua eu queria pertencer, eu tbm diria inglês. mas também adoroooo pertencer ao português
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