Pedagogia, perguntado por thaynara1994, 10 meses atrás

De modo geral, o século XVIII assistiu à passagem do sistema do mecenato, pelo qual o artista era financiado por um produtor opulento — secular ou eclesiástico — ao sistema de produção para o mercado. Sem dúvida, essa passagem foi gradual, e o mecenato não se extinguiu de todo. Giambattista Tiepolo passou a vida a serviço de protetores, como príncipe-bispo da Francônia e o rei da Espanha. Handel foi protegido pelos reis de Hanover.

Mas pouco a pouco surgiu um novo personagem — o artista que vivia do seu trabalho e era remunerado por sua própria clientela. O livro podia ser vendido, e bem vendido.

Dryden recebeu em 1697 a soma de 1400 libras por sua tradução de Virgílio. Pope enriqueceu com sua próprias obras e com a tradução da llíada e da Odisseia. Lessage ganhou a vida com seus romances e seu teatro. Surgiu o autor profissional. “Ser autor”, diz o Almanach des auteurs, de 1755, “hoje é uma profissão, como ser militar, eclesiástico ou financista.”

Essa independência é assegurada pelo favor do público, às vezes tão caprichoso como os antigos mecenas, mas outorgando aos autores um grau de liberdade que seria impensável no passado.

A independência não se limitava às letras. Um pintor como Reynolds enriqueceu com seus retratos, pelos quais cobrava preços astronômicos. A liberdade proporcionada pelo sucesso comercial não impedia os artistas de trabalharem para os grandes, mas permitia estabelecer com eles uma relação de altivez e até de arrogância.

Contratado pela corte da Rússia para executar uma estátua de Pedro, O Grande, o escultor Falconet recusou os vários projetos que lhe haviam sido submetidos a título de sugestão e teve o gesto magnífico de não aceitar a remuneração de 400 mil libras que lhe foi proposta: soberbo de desdém, exigiu receber exatamente a metade da quantia.

(Adaptado de Sérgio Paulo Rouanet, Ilustração e modernidade. In: Mal-estar na modernidade (ensaios). São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 138)

A alternativa que apresenta o resumo mais adequado do texto é:

Escolha uma:
a. De modo geral, no século XVIII ocorreu a passagem lenta e permanente de sistemas de produção artística, sem que o mecenato se extinguisse (artistas como Handel continua­ram a ser protegidos); quando surgiu a profissão de autor — como militar, por exemplo —, o público, mesmo exigente, deu-lhe liberdade, e o sucesso o fez ser arrogante até com os poderosos, de quem cobravam preços astronômicos.
b. De modo geral, no século XVIII se deu, de maneira progressiva, o abandono do sistema de mecenato pelo de produção para o mercado, dando origem à profissão de autor; o sucesso de vendas permitia liberdade antes desconhecida, que propiciava ao artista não só poder trabalhar inclusive com os poderosos, mas também assumir, na relação com eles, até atitudes arrogantes.
c. De uma forma abrangente, pode-se dizer que o século XVIII foi o que permitiu que o produtor secular ou eclesiástico deixasse ao artista a liberdade de produzir para o mercado; muitos enriqueceram, como Dryden e Pope, outros continuaram a ser protegidos; autores e pintores eram livres para cobrar o que quisessem, e muitos, pelo sucesso, passaram a ser arrogantes até com os poderosos.
d. De certa forma, o século XVIII conheceu o processo de passagem de atividade artística de um polo a outro: do mecenato ao mercado; sem dúvida, lentamente, mas viu-se o aparecimento do novo personagem, o artista que vendia sua produção, e que podia ser mais livre; mesmo muito rigoroso, o público podia pagar bem, até enriquecendo o artista (caso de Reynolds) e tornando-o mais arrogante com os poderosos.
e. De certa forma, o século XVIII viu nascer nova profissão, a do artista, oriunda do abandono pelos mecenas e da produção para o mercado; o autor, por exemplo, se tivesse traduzido ou produzido obras importantes (caso de Dryden ou Pope), podia ser independente, chegando até a ser prepotente com os poderosos quando queriam um trabalho seu.

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Respondido por KatiaLeandro
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Resposta:

De modo geral, no século XVIII se deu, de maneira progressiva, o abandono do sistema de mecenato pelo de produção para o mercado, dando origem à profissão de autor; o sucesso de vendas permitia liberdade antes desconhecida, que propiciava ao artista não só poder trabalhar inclusive com os poderosos, mas também assumir, na relação com eles, até atitudes arrogantes.

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