Sociologia, perguntado por IasminSantos05, 1 ano atrás

Dê exemplos de mulheres na cultura de massa: (DE PREFERÊNCIA BRASILEIRAS)

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Respondido por ruthhmendocd
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Discursos de emancipação sociocultural da mulher pós-mo-derna perpetuam-se atualmente. Entretanto, um olhar crítico para a cultura de massa, localizada entre a maior parte das brasileiras, identifica uma inversão dos projetos que vinham sendo conquistados pelo sexo feminino. Imagens propagadas pela cultura de massa exploram, muitas vezes, o corpo, e essa construção de simulacros atribui à mulher o símbolo da sexualidade, deslocando o ideário desejado por aquelas que buscam o reconhecimento social e intelectual. Trata-se de uma ilusão de ótica aplicada ao comportamento feminino, estimulando a idéia de que sua emancipação está diretamente ligada ao reconhecimento cultural/midiático da beleza física.
Esse processo permeado de falsas aparências vem se cristalizando no inconsciente cultural de parte dos consumidores da cultura de massa. Programas populares de TV, principalmente telenovelas, investem nas imagens da mulher erotizada como recurso para garantir audiência. É perceptível o interesse do mercado nas ações dos seus intelectuais orgânicos (Said, 2005) que articulam, nos bastidores, a proposta de desigualdade social entre os sexos. A televisão, assim, representa um recorte na medida dos interesses de mercado que a sustentam, e a exploração do corpo da mulher brasileira contribui com a manutenção dessa relação, hoje, indissociável. Na música, as referências depreciativas com relação à mulher são mais evidentes. As expressões criadas para fazer referência às atitudes femininas, bem como os termos utilizados para predicar o corpo, legitimam uma violência simbólica (Bourdieu, 2007) ao atribuir características sexistas à mulher. O pensamento masculino é receptor desse processo, ou seja, cabe a ele usufruir desse sexismo. O gênero funk é um exemplo. Nominalizações como cachorra, tchutchuca, popozuda, gostosa, próprias desse estilo de música, substituem o nome das mulheres às quais a letra da música se refere, o que caracteriza o sexo feminino como um ser sem identidade. O exemplo de Só as Cachorras é explícito na medida em que predomina uma seleção de substantivações referindo-se a uma mulher que aprecia o baile funk. Uma referência ao desejo masculino sobre o corpo feminino predomina no período: “quando vejo um popozão rebolando no salão, não consigo respirar, fico louco pra pegar”. A dança em si contribui para as práticas de banalização do corpo e o desejo masculino de pegar uma mulher está também relacionado à idéia do sexo. A mulher é, portanto, objetificada e torna-se parte de um esquema mercadológico em que o sujeito de maior poder leva a mercadoria.
A imagem feminina diluída nesse estilo de música é, com efeito, depreciativa. No entanto, a significância dos termos, persuasivos, desperta na mulher o desejo de possuir um corpo desejável. As referências aludem à noção vulgar de sexo, pois tais mulheres não possuem um parceiro apenas. Nesse caso, as relações sociais de dominação estão construídas a partir da divisão fundamental entre o masculino/ativo e o feminino/passivo, organizando o desejo masculino da posse e o desejo feminino da subordinação. Assim, a mulher se reconhece na estrutura de dominação reforçando os papéis inferiores que lhe são atribuídos.
As conseqüências, na seara cultural, confirmam-se na reprodução em série de imagens que rompem totalmente com as noções tradicionais de originalidade, criatividade, beleza e autonomia. Ortiz afirma que a transformação econômica no Brasil é, parcialmente, responsável pela massificação da cultura. A “reorientação econômica traz conseqüências imediatas, pois, paralelamente ao crescimento do parque industrial e do mercado interno de bens materiais, fortalece-se o parque industrial de produção de cultura e o mercado de bens culturais” (1994, p. 114). Ou seja, a expansão das atividades culturais, em detrimento da tradição moderna da arte e do prestígio do novo, consolidou a massificação da arte e a tornou mercadoria para a sociedade de consumo. A problemática, para o presente debate, reside nos objetos reproduzidos por essa indústria cultural e a discussão pode ganhar outra roupagem quando se trata de reprodução do corpo feminino.
A noção de liberdade da mulher atual talvez não seja completamente compreendida pelos consumidores dessa arte, pois o modo como a mulher vem sendo retratada pela cultura é, por vezes, constrangedor. Inicialmente, ela aceitava os processos naturalizados em que o sexo feminino deveria ser educado para compor o ambiente doméstico. A partir do século XX, parte dessas mulheres passou a acreditar que vem conquistando um espaço reconhecido na sociedade.

Não sei se é Isso . Espero ter ajudado
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