Daniel é um indígena do povo Mundukuru, formado em Filosofia e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Leia o texto a seguir, escrito por ele, e depois responda às questões.
Ao ser criado, cada povo precisa distanciar-se do mundo animal. Como conta o mito Dessana, as criaturas nascem com seus parceiros e com eles precisam construir um modo de sobreviver no mundo. Para isso precisam dominar a natureza. Num momento inicial, fizeram da própria natureza seus instrumentos e, com o passar do tempo, procuraram aperfeiçoá-los a fim de que seu domínio fosse total. Foi isso que fez com que o homem primitivo polisse a pedra transformando-a num machado; ou pegasse um osso e o transformasse numa ponta de flecha ou numa agulha; ou usasse fios de pelos animais e deles constituísse uma linha resistente para fabricar suas roupas.
Foi assim. Ele foi criando, transformando, armazenando, construindo casas mais bem-acabadas para se proteger do frio ou do ataque dos animais selvagens. Esse domínio humano da natureza gerou um conhecimento que foi sendo passado de pai para filho. O modo de fazer as coisas, as casas, os casamentos, etc. gerou a cultura. Cultura é, assim, uma construção, uma passagem, um novo status humano. Esse status evolui proporcionalmente ao domínio desses novos conhecimentos.
Do ponto de vista da organização social também houve uma mudança. O homem primitivo percebeu que tinha de contar com a ajuda de outras pessoas para que seu trabalho rendesse mais. Para isso, ele se Daniel é um indígena do povo Mundukuru, formado em Filosofia e doutor em Educação pela Universidade
de São Paulo. Leia o texto a seguir, escrito por ele, e depois responda às questões.organizou em comunidades em que o fruto do trabalho era de todos e não apenas de alguns; a terra era de todos e não havia patrões e empregados; portanto, não havia exploração de uns sobre os outros.
(MUNDUKURU, Daniel. O banquete dos deuses: conversa sobre a origem e a cultura brasileira. 2. ed. São Paulo: Global, 2009. p. 36-37)
Dessana: relativo ao povo indígena do alto rio Negro, no Amazonas, que fala a língua tukano
a) Segundo Daniel Mundukuru, o que é cultura e qual a relação entre o domínio da natureza e os saberes e utensílios criados pelos grupos humanos?
b) Tomando como ponto de partida o texto acima, levante uma hipótese para explicar a diversidade cultural existente entre os povos que habitaram as Américas antes da chegada dos europeus.
c) Considerando o texto apresentado, que efeitos a imposição dos padrões europeus pode ter tido sobre as populações ameríndias?
Soluções para a tarefa
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a) De acordo com Mundukuru, a cultura é o modo de sobreviver no mundo que os seres humanos constroem, seu método de dominar a natureza e o aperfeiçoamento deles, a aquisição e transmissão de conhecimentos de geração a geração. No processo, os povos vão se diferenciando e diversificando.
b) A diversificação da cultura nasce das diferentes condições que o ambiente impõe ao homem. Assim, sendo o território brasileiro tão vasto, várias culturas foram surgindo em várias regiões, caracterizando povos diversos, que deveriam se adaptar e moldar o ambiente no qual se inseriam e com o qul se relacionavam.
c) O próprio autor defende uma ideia de cultura humana como mobilidade, mas acredito que mais pautada na transformação e adaptação das sociedades, não somente na imposição de outros costumes e outros povos, com a subjugação de construções sociais diferentes à do conquistador. O que se viu no caso das populações ameríndias foi sua dizimação também quantitativa, não somente descaracterizando a cultura dos povos, mas eliminando os próprios seres humanos que a carregavam como identidade.
b) A diversificação da cultura nasce das diferentes condições que o ambiente impõe ao homem. Assim, sendo o território brasileiro tão vasto, várias culturas foram surgindo em várias regiões, caracterizando povos diversos, que deveriam se adaptar e moldar o ambiente no qual se inseriam e com o qul se relacionavam.
c) O próprio autor defende uma ideia de cultura humana como mobilidade, mas acredito que mais pautada na transformação e adaptação das sociedades, não somente na imposição de outros costumes e outros povos, com a subjugação de construções sociais diferentes à do conquistador. O que se viu no caso das populações ameríndias foi sua dizimação também quantitativa, não somente descaracterizando a cultura dos povos, mas eliminando os próprios seres humanos que a carregavam como identidade.
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