d) O que diz a historiadora - Magali Mendes sobre a questão racial?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Seria exagero dizer que nosso tempo é fascista?
Magali Mendes de Menezes*
Fala-se de um tempo em que temos medo do Outro. Este pode ser identificado como aquele que
simplesmente nos amedronta com sua mera presença; o desconhecido, sem nome, historia, sem identidade ou
com uma identidade forjada pelas vestes que usa, a palavra que pronuncia, pela língua que não é a nossa. O
Outro são tantos outros e, ao contrário do que se costuma dizer, não são as minorias. O que caminha ao nosso
lado na rua, senta ao lado no banco do ônibus, aquele que possui uma “aparência” da qual se pode desconfiar,
todos a priori são assustadores diante de um mundo feito de tribos. Na internet, nosso pequeno grande mundo
virtual, falamos com aqueles que possuem nossa cara, linguagem, ao estrangeiro basta um clique e o
eliminamos de nosso mundo (na metonímia perfeita para pensarmos ensaio de novos processos de exclusão).
Toda e qualquer forma de diálogo parece impossível em um tempo da imposição não mais da igualdade, mas
dos iguais. No campo das ideias, aquele que não possui a mesma forma de ver, imaginar, projetar o mundo
desejado torna-se de antemão um inimigo que necessita ser, de alguma forma, neutralizado, eliminado.
Vivemos em um tempo de desesperança de diálogo. Até mesmo o diálogo se enreda no exercício autoritário de
ser definido antecipadamente, o diálogo definido fora dele mesmo. Ou seja, com frequência ouvimos alguém
dizer “ele não sabe dialogar” e isso se dá porque previamente (fora do próprio diálogo) dizemos como ele deve
ser, acontecer. O diálogo só pode ser definido no momento mesmo de seu exercício dialógico. E o que podemos
esperar de uma democracia que nos impede de dialogar?
Desde atos “pequenos” do cotidiano até o extremo da repulsa ao Outro (tanto indivíduo como coletivo)
nos dando conta que fazemos parte de um tempo de profunda insuportabilidade da convivência com o
diferente de nós, de nossa tribo. No campo político, entre as camisas verde-amarelo o que se estampa é um
matiz de cores de um país racista, homofóbico, patriarcal e que odeia pobres. O tempo do big brother, da
sociedade do espetáculo, onde somos capazes de pagar para um canal nos mostrar o que “outros” fazem, é a
mais concreta sedução do voyeur contemporâneo. Aí o cotidiano nos fascina, contudo quando este mesmo
cotidiano ao se mostrar na rua, na porta de nossas casas, passa a nos assustar, porque quem se apresenta nú,
descoberto é o corpo pobre, miserável. A exposição completa deste outro que habita as ruas, nos assusta. Vejo
de minha casa um casal e seu cotidiano. Arrumam a cama, um velho colchão, colocam uma almofada, comem,
passeiam com seu cão, tomam banho com um velho balde com a água que conseguem na redondeza (cena
cada vez mais frequente nas ruas onde o número de moradores aumentou sensivelmente). Este Big Brother nos
causa aversão, é um cotidiano que não queremos ver, não nos seduz e por isso fechamos os olhos. Ao contrário,
ele é repugnante. Adela Cortina, filósofa espanhola, cunhou um termo para falar da aversão aos pobres -
aporofobia. Áporos, do grego, são os sem recursos, sem saída, a sociedade não possui seus poros abertos a
estes que talvez nem humanos sejam. Nossa medievalidade retira destes outros sua humanidade. Os pobres
não devem, portanto participar da vida política, do mundo público, pois este é movido pelo “toma lá da cá”,
mas aqueles que nada têm, não têm absolutamente nada para dar, estão fora do jogo, pois quem nada tem,
não tem nada em qualquer lugar, seja ele qual for. E quando vemos nos Brasil recente o pobre, nordestino
decidindo eleição e mais, votando em quem a priori, possui a sua cara, a sua história de vida retirante, isso se
torna inadmissível. Nosso tempo é definitivamente aporofóbico.
ESPERO AJUDAR
Resposta: ela diz que foi necessário que as instituições e sociedades, criassem e sustentassem mitos e desigualdades pelo viés racial.
Explicação: eu acho q é isso, só vai na fé moçada