Filosofia, perguntado por julinapinheirobest, 8 meses atrás


Cultura e mercadoria
A cultura é uma mercadoria paradoxal. Ela está tão completamente submetida à lei da troca que não é mais trocada. Ela se confunde tão cegamente com o uso que não se pode mais usá-la. É por isso que ela se funde com a publicidade, tanto técnica quanto economicamente, a publicidade e a indústria cultural se confundem.
Pois quanto mais completamente a linguagem se absorve na comunicação, quanto mais as palavras se convertem de veículos substanciais do significado em signos destituídos de qualidade, quanto maior a pureza e a transparência com que transmitem o que se quer dizer, mais impenetráveis elas se tornam. A desmitologização da linguagem, enquanto elemento do processo de esclarecimento, é recaída na magia. Distintos e inseparáveis, a palavra e o conteúdo estavam associados um ao outro.
Mas deste modo a palavra, que não deve significar mais nada e agora só pode designar, fica tão fixada na coisa que ela se torna uma fórmula petrificada. Isso afeta tanto a linguagem quanto o objeto. Ao invés de trazer o objeto à experiência, a palavra purificada serve para exibi-lo como instância de um aspecto abstrato, e tudo ou mais, desligado da expressão (que não existe mais) pela busca compulsiva de uma impiedosa clareza, se atrofia também na realidade.
O ponta-esquerda no futebol, o camisa-negra, o membro da Juventude Hitlerista, etc. nada mais são do que o nome que os designa. Se, antes de sua racionalização, a palavra permitira não só a nostalgia mais também a mentira, a palavra racionalizada transformou-se em um camisa de força para a nostalgia, muito mais do que para a mentira. A cegueira e o mutismo dos fatos a que o positivismo reduziu o mundo estendem-se à própria linguagem, que se limita ao registro desses dados. Assim as próprias designações se tornam impenetráveis, elas adquirem uma contundência, uma força adesão e repulsão que as assimila a seu extremo oposto.
Obs.: Camisa-negra: milícia que operou durante o regime fascista italiano. Contundência: no contexto, força, vigor, evidência.
Mutismo: característica daquilo que é mudo.
Paradoxal: que apresenta um paradoxo, uma contradição.
Responda:
01) Conforme o texto, as palavras, tanto na propaganda quanto na indústria cultural, perderam o significado, transformando-se em uma “formula petrificada”. Explique essa afirmação.​

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Respondido por irisoliveira73
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