(CPS 2008) O texto nos conta sobre Fortunata, uma garota que vive em São Paulo no início do século XX, e sobre os costumes de sua família, formada por imigrantes italianos.
Em frente à nossa casa, morava o compadre Francesco Bloise, que tinha duas ocupações muito peculiares: uma era a de alfaiate e a outra não era a de confeccionar ou vender nada. Ao contrário: era uma distribuição gratuita de sonho e fantasia, feita para preencher o vazio das noites de inverno, depois do cansaço de um dia de trabalho. Seu Francesco era um leitor, atividade rara naquela rua. Quando falo em “leitor”, não estou falando de alguém metido num canto a sós com um livro, desligado do mundo exterior. Estou falando de alguém como ele, que lia em voz alta para os outros, repartindo o ato de leitura como um pão comungado por irmãos. E esses éramos nós: eu, que me chamo Fortunata, meu padrasto, minha mãe Giuseppina e alguns vizinhos de poucas ou nenhumas letras.
O ritual começava depois do jantar. No corredorzinho que dava para a rua, ouvia-se o bater de palmas. Eram os ouvintes que iam chegando e tomando assento. Seu Francesco vinha todo encapotado, com as mãos dentro dos bolsos. E quando, aflita, eu achava que o livro tinha sido esquecido, ele abria o capote e arrancava do peito o grosso volume que agasalhara da umidade como um filho de saúde frágil. E a assembleia começava.
Os olhos do leitor buscavam as páginas do livro, a boca fazia o milagre de transformar aquelas difíceis letrinhas impressas em vozes inteligíveis para um auditório maravilhado. E as histórias de reis e rainhas, príncipes e princesas, mocinhos e vilões, amores tristes e romances contrariados enchiam de lágrimas os olhos de minha mãe.
(Adaptado de: LAURITO, Ilka Brunhilde. A menina que descobriu o Brasil.)
Considere as frases:
O ritual começava depois do jantar.
Seu Francesco vinha todo encapotado...
Os olhos do leitor buscavam as páginas do livro...
A autora usou os verbos em destaque, que pertencem ao pretérito imperfeito do indicativo, porque esse tempo verbal lhe permitiu apresentar, na narrativa, fatos
(A)
que exprimem ordem, pedido, convite, conselho ou súplica.
(B)
que costumam acontecer em qualquer época e a qualquer tempo.
(C)
relacionados a um futuro incerto e imprevisível para as personagens.
(D)
passados que eram vistos como duvidosos e hipotéticos.
(E)
passados que se repetiam e eram habituais para as personagens.
pffv me ajudem
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E, pois eram fatos habituais e que aconteciam com frequência mas não foi dada como finalizada e por isso é considerado pretérito imperfeito
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