“CORES QUE BERRAM
- Bom, temos esse aqui. Veja só que graça, é o mais vendido entre os surfistas. - Ia aproximando o par de tênis mais e mais da cara do bigodudo.
- Não, não. Acho que ele não vai gostar.
- E esse aqui? - Disse o vendedor pegando outra caixa. - Esse é marrom com cinza, combina com as montanhas, é bom pra escalar, tem um ótimo sistema de amortecimento...
- Creio que o senhor não entendeu. O moleque é vidrado em futebol. Não tem chuteira de campo?
- Ah, sim, claro! Um momento que vou buscar no estoque.
O vendedor saiu e deixou o cliente sentado. Este tinha olhos pequeninos e bem pretos, que combinavam com seus bigodes da mesma cor. Era dotado de uma barriga avantajada, fruto de várias tardes de domingo de futebol e choppinho. A calvície chegava pelas laterais de sua cabeça. Viera comprar um presente para o sobrinho Juca, seu preferido. Esperava sentado.
O rapaz, que desde o início tentava empurrar o que havia de mais caro para o bigodudo, procurava agora sua melhor chuteira, a qual consequentemente esvaziaria mais o bolso da calça jeans apertada na cintura que estufava ainda mais a barriga do cliente. Quando já pensava que o modelo havia se esgotado, encontrou, debaixo de uma coluna de tênis femininos, a última caixa.
Abriu para ver se estava tudo certo e se espantou ao deparar-se com uma chuteira laranja e verde. Laranja e verde! Quem diabos iria comprá-la? De que servia uma chuteira que não fosse preta, ou prateada, como estava agora na última moda entre os jogadores considerados "medalhões"? Ninguém compraria aquela chuteira. Não era à toa que estava ali, escondida, esquecida. Laranja e verde! Contudo, pensando nos lucros e em formas de ludibriar o carrancudo bigodudo, decidiu levá-la e mostrá-la ao cliente.
- O senhor deu sorte! Este aqui é o último par. A melhor chuteira, da melhor marca. - O homem pegou a caixa e abriu-a.
- Laranja e verde? Parece mais com um uniforme de escola de samba!
- Ora! Mas o seu filho é vidrado em futebol, ou em moda? Com essa aqui ele vai bater faltas espetaculares, correr sem derrapar e aumentar o domínio de bola! - O vendedor falava como se estivesse num comercial pra tevê e já tivesse treinado essa mesma fala mais de tantas vezes.
- Não é meu filho...é meu sobrinho. Não tive filhos...Bom, vou ficar com ela. - Pagou caro pelo presente colorido e saiu da loja cantarolando: - Sistema de amortecimento....pff...! - E riu. (...)”
PERGUNTA:
Na última parte do texto (“Não é meu filho...É meu sobrinho. Não tive filhos...), podemos dizer que as reticências utilizadas indicam constrangimento. Por quê?
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Resposta:
Porque pausa com reticências significa que ouve uma pausa consideravelmente longa o que significa que o sujeito estava constrangido levando em conta o assunto tratado.
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