Contra a ansiedade
O meu jeito de evitar a ansiedade é me concentrando no agora, no instante presente. Me ligo 100% no lugar onde estou, com quem estou e no que estou fazendo. Assim, ganho foco, dou atenção plena ao outro e não fico me perdendo em projeções inúteis, deixando o pensamento escapulir para um lugar sem retorno. Até o sono melhora.
Isso sempre foi algo natural em mim, talvez o hábito de leitura ajude nesta concentração. Mas aí veio a pandemia e aquele estresse todo. Lidei razoavelmente bem com a situação, já que não perdi ninguém próximo e meu cotidiano não se alterou muito. Eu parecia tranquila em minha compenetrada quietude, até que a vacina chegou e os dias começaram a voltar ao velho ritmo: encontro entre amigos, viagens a trabalho, vida social. E só então pecebi minha dificuldade em recuperar o ritmo anterior.
Achava que não, mas também me encontro emocionalmente bagunçada. Eu, que tomava ansiolítico só em casos excepcionais, uma ou duas vezes por ano, passei a olhar a cartela comose fosse uma caixa de Bis.
Para completar, semana passada perdi um amigo por infarto fulminante, aos 59 anos. Um amigo da minha juventude, da época em que eu era publicitária. Junto à imensa trsiteza, duas coisas ficaram claras para mim. Uma delas é que temos que reavaliar nossas urgências. Refletir sobre essa nossa absurda disponibilidade online. Reagir à pressão para dizer "sim" a tudo o que nos é proposto, como se tivéssemos que compensar a parada brusca de um ano e meio. Calma, não temos que compensar nada, e sim continuar em frente encontrando soluções para viver melhor, e não problemas para morrer mais rápido.
A súbita ausência dele me fez ver, também, que além do presente momento, desse instante que tanto valorizo, o passado é muito valioso. Na hora que recebi a notícia da morte do meu amigo, me vi diante de uma onda de recordações: a casa que nossa turma alugava na praia, as aventuras amorosas discutidas em mesas de bar, nossa imaturidade cheia de sonhos, a narrativa frenética das experiências vividas, nossos filhos nascendo, as interrogações jogadas para a frente, para um tempo que desconhecíamos -- este aqui. Descobri que não quero mais seguir adiante sem olhar para trás, ajustei meu retrovisor sentimental.
Pretendo me manter no foco, mas "estar aqui e agora" não depende mais da rendição a esta modernidade esquizofrênica. Não preciso atender a expectativas febris, nem competir comigo mesma. Contra a ansiedade, incluo agora a saudade. Celebro o passado que me moldou e, por ora, penso apenas em cuidar bem da minha saúde, que isso também é cuidar de quem a gente ama. Tempo, entrei num acordo contigo.
01) Justifique o título dado à crônica acima:
02) Que solução a autora vê para a ansiedade? O que você pensa sobre isso?
03) Que comparação a cronista utiliza no texto? O que isso revela?
04) Copie do texto um par de antítese, justificando sua resposta:
05) O que significa ter que "reavaliar as nossas urgências"? Quais seriam as suas, neste momento?
06) Por que a autora se espantou por estar "emocionalmente bagunçada"?
07) Você se considera com muita "disponibilidade online"? Por quê?
08) O que seria um "retrovisor sentimental"? Como ele funciona?
09) Explique o final da crônica:
10) Encontre no texto um vocativo:
11) Existe, no texto, alguma personificação? Justifique sua resposta:
12) Que mensagem o texto transmite? Comente:
Soluções para a tarefa
Respondido por
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1- O título faz referência ao fato dela procurar lutar contra a ansiedade.
2- Ela decide juntar as memórias boas do passado para enfrentar problemas no presente. E isso é uma boa forma de não se perder demais nem no passado e nem no presente.
3- Ela comparou a sua vida antes da pandemia e depois da pandemia. E isso revela que ela arranjou um jeito de lidar com a ansiedade.
4- Mas aí veio a pandemia e aquele estresse todo. Lidei razoavelmente bem com a situação, já que não perdi ninguém próximo e meu cotidiano não se alterou muito. Eu parecia tranquila em minha compenetrada quietude, até que a vacina chegou e os dias começaram a voltar ao velho ritmo: encontro entre amigos, viagens a trabalho, vida social. E só então pecebi minha dificuldade em recuperar o ritmo anterior.
Achava que não, mas também me encontro emocionalmente bagunçada. Eu, que tomava ansiolítico só em casos excepcionais, uma ou duas vezes por ano, passei a olhar a cartela comose fosse uma caixa de Bis. Acho que é antítese pois há uma contradição.
5- Significa saber o que é realmente necessário e se é para agora ou depois. O resto é pessoal...
6- Porque até então ela achava que estava tudo bem e que sua saúde mental não havia sofrido nenhuma alteração.
7- Pessoal. Pergunta se você passa muito tempo nas redes sociais e por quê passa.
8- não sei, acho que é uma forma de rever o passado sem comprometer o presente.
9- Ela revela que seu passado foi muito importante e isso contribuiu para ela ser o que é hoje.
10- não sei.
11- não sei.
12- O texto revela que a ansiedade pode vir de forma oculta e silenciosa nos momentos mais inesperados e é preciso sabermos controla-lá e utilizarmos o passado ao nosso favor.
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