Português, perguntado por gilberto292929, 10 meses atrás

conto maravilhoso com características de realismo fantástico por favor me ajudem​

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Respondido por alefepinhos
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Os contos fantásticos ou contos de fantasia representam um gênero da literatura fantástica (realismo mágico ou maravilhoso) com origem no século XVII.

Esse estilo vigorou nos países latino-americanos a partir do século XX, como forma de denunciar a realidade opressiva vivido pelos anos de ditadura.

Segundo o filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov:

   “Há um fenômeno estranho que se pode explicar de duas maneiras, por meio de causas de tipo natural e sobrenatural. A possibilidade de se hesitar entre os dois criou o efeito fantástico.”

Características da literatura fantástica

conto fantástico

No gênero fantástico, os textos são pautados numa realidade não lógica. Ou seja, a narrativa se desenrola num mundo irreal ou universo onírico, marcado pelo absurdo, a inverossimilhança e situações e ações extraordinárias.

As principais características dos contos fantásticos são:

   Narrativa concisa a partir de temas livres fantásticos, os quais aliam o fantástico e o real ou a ficção à realidade, surgindo da oposição dentre dois planos: real e irreal.

   Presença de alegorias e de personagens que podem ser: monstros, fantasmas, seres invisíveis, mágicos, mitológicos ou folclóricos, dentre outros.

   Realidade ilógica distante da realidade humana, composta de elementos maravilhosos, inverossímeis, imaginários, extraordinário, bem como a presença de magias e poderes sobrenaturais.

   Enredo não linear ou ziguezagueante (mescla de presente, passado e futuro) com utilização de recursos como o flashback (voltar ao passado) e o tempo psicológico (tempo das emoções e das recordações vividas pelos personagens).

   Provocam sensações de “estranhamento” no leitor, por meio da ruptura realidade-ficção.

VEJA TAMBÉM: Realismo Mágico

Principais representantes

No Brasil

Machado de Assis

Machado de Assis, um dos maiores representantes da literatura fantástica brasileira

Os escritores brasileiros que exploraram o gênero fantástico foram:

   Aluísio de Azevedo, (1857-1913) em sua obra de contos "Demônios" (1895);

   Machado de Assis (1839-1908) em seu conto intitulado “O espelho”, pertencente à obra "Papéis Avulsos" (1892);

   Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) em seu livro "Contos de Aprendiz" (1951), texto como “Flor, telefone, moça”;

   Murilo Rubião (1916-1991) na obra "O ex-mágico" (1947).

No mundo

Júlio Cortázar e Jorge Luís Borges

Júlio Cortázar e Jorge Luís Borges, grandes representantes da literatura fantástica latino-americana

Os autores latino-americanos que se destacaram com a publicação de textos desse gênero foram:

   os argentinos Jorge Luis Borges (1889-1986) e Júlio Cortázar (1914-1984);

   o colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014);

   o cubano Alejo Carpentier (1904-1980).

Ademais, no âmbito mundial, destacam-se:

   o escritor austríaco Franz Kafka (1883-1924), com sua emblemática obra "A metamorfose" (1912);

   o alemão Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (1776-1822) com o conto fantástico “Homem de Areia” (1815).

Exemplo de Conto fantástico

Como exemplo de Conto Fantástico, segue o trecho do texto “Flor, telefone, moça”, de Carlos Drummond de Andrade:

“Não, não é conto. Sou apenas um sujeito que escuta algumas vezes, que outras não escuta, e vai passando. Naquele dia escutei, certamente porque era a amiga quem falava. É doce ouvir os amigos, ainda quando não falem, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos.

Falava-se de cemitérios? De telefones? Não me lembro. De qualquer modo, a amiga – bom, agora me recordo que a conversa era sobre flores – ficou subitamente grave, sua voz murchou um pouquinho.

– Sei de um caso de flor que é tão triste!

E sorrindo:

– Mas você não vai acreditar, juro.

Quem sabe? Tudo depende da pessoa que conta, como do jeito de contar. Há dias em que não depende nem disso: estamos possuídos de universal credulidade. E daí, argumento máximo, a amiga asseverou que a história era verdadeira.

– Era uma moça que morava na Rua General Polidoro, começou ela. Perto do Cemitério São João Batista. Você sabe, quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar conhecimento da morte. Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não é tão empolgante como navios ou casamentos, ou carruagem de rei, mas sempre merece ser olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro do que não ver nada. E se fosse ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada.

Se o enterro era mesmo muito importante, desses de bispo ou de general, a moça costumava ficar no portão do cemitério, para dar uma espiada.

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