Comparando os poemas “Essa negra Fulô” e “Outra nega Fulô” assim como “Irene no céu” e “O que não dizia o poeminha do Manuel”, notamos que os poemas contemporâneos realizam uma reversão paródica do discurso hegemônico - o conceito de hegemonia é formulado por Antonio Gramsci, e se refere a um discurso consensual ou dominante, silenciando, assim, as vozes que o contradizem. Que aspectos presentes nos poemas modernistas podem comprovar essa afirmação? Quais são os principais pontos de releitura dos poemas contemporâneos em relação aos poemas modernistas?
Soluções para a tarefa
Os poemas de Manuel Bandeira e Jorge de Lima assumem a defesa dos negros, mas sob a perspectiva de autores que não se identificam como negros. Os poemas contemporâneos que fazem uma releitura de ambos assumem uma posição de conflito étnico.
- O exercício propõe a compreensão desta intertextualidade sob a perspectiva do conceito de hegemonia, de Antonio Gramsci.
- Para Gramsci, hegemonia é a dominação de uma classe sobre outra, porém com sutilezas.
- A classe dominante pode buscar aliança com outra a fim de se sustentar no poder. Para isso, abre mão de alguns interesses.
- Os autores contemporâneos estariam reagindo a isso. Como textos hegemônicos, as poesias modernistas seriam cooptação de classe.
As poesias contra o racismo e a hegemonia
A poesia "Irene no Céu", de Manuel Bandeira, fala em "Irene Preta/Irene Boa" e menciona que ela pediria para entrar no céu dizendo "Licença, meu branco!". São Pedro retorquiria dizendo que ela não precisa pedir licença para entrar.
A poesia "Essa negra Fulô", de Jorge de Lima, faz humor com a história de uma bela negra levada pela sinhá para servir na casa. Prestes a ser açoitada a mando da sinhá acusada de roubo, o senhor se deslumbra pelo corpo dela. Ela acaba roubando o senhor de sinhá.
A perspectiva que pode ser vista como hegemônica é que o poema de Manuel Bandeira descreve uma negra que é subserviente e sempre de bom humor.
- O poema de Márcio Barbosa "O que não dizia o poeminha do Manuel" reage a isso mencionando uma Irene sujeita a mau humor, que xinga São Pedro de racista.
Também na perspectiva da teoria hegemônica, Jorge de Lima faz uma ironia com o Brasil das senzalas, mas o eu lírico começa o poema identificando "o bangüê dum meu avô", assumindo a perspectiva de um fazendeiro branco.
- O poema "Outra nega fulô", de Oliveira Silveira, reage a isso chamando Jorge de Lima de "seminegro e cristão" e trazendo uma Fulô que mata o senhor e que se deita apenas com "seu nego".
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