História, perguntado por isabelageraldop6036k, 1 ano atrás

Como os portugueses conseguiram contornar a África ?

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Respondido por LuizOaskis
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A incursão ao norte da África consumou-se com a conquista de Ceuta em 1415. O feito e a data passaram para a História como marco inicial da expansão marítima portuguesa, inaugurando ao mesmo tempo a Era dos Grandes Descobrimentos.

O ataque à cidade marroquina contou com o apoio e o patrocínio da Coroa, que deixou a cargo do Infante D. Henrique a supervisão dos preparativos. A cidade do Porto forneceu a frota, além do adiantamento em capital, necessário ao custeio das armas e provisões. Do ponto de vista estratégico, a invasão resultou num verdadeiro sucesso: pegos de surpresa, os maometanos ofereceram pouca resistência, e o exército português, que contou com apenas oito baixas, apoderou-se rapidamente da cidade, abrindo espaço para o saque e a rapina. Os despojos foram tão largos que compensaram desde os mais ínfimos soldados até os de mais antiga fidalguia, como o Conde Afonso de Barcelos, membro da casa real, que levou para Portugal mais de 600 colunas de alabastro e mármore. Tudo foi não só saqueado como depredado, fosse estabelecimento comercial ou residências, e qualquer coisa de valor tomada, aí incluindo-se, além de artigos e mercadorias usuais, as joias arrebatadas das mulheres, cortando-se-lhes as orelhas e os dedos.

O sucesso da expedição espalhou-se rapidamente pelo reino e, embora tenham surgido algumas dúvidas sobre as reais vantagens da conservação de Ceuta, a política ultramarina de D. João I foi não só mantida como entregue aos cuidados do seu filho Dom Henrique. Na expansão marítima portuguesa, Ceuta constituiu apenas o estímulo inicial, um primeiro ensaio, um tímido anúncio das conquistas futuras, pois as mesmas razões que haviam determinado seu assalto passariam a exigir o avanço cada vez mais impetuoso sobre a África e o Oceano.

A campanha da África ocuparia os próximos oitenta anos da história do país, cujas melhores energias, concentradas num empreendimento de rara persistência, estiveram até 1460, sob a tutela do Infante D. Henrique. À sua época, os navios portugueses dedicados à pesca já frequentavam as águas entre o Cabo São Vicente, as ilhas Canárias e o litoral atlântico de Marrocos. Todo o mérito do Infante está em ter estendido essa navegação, feita numa costa relativamente pequena, à exploração e conquista, organizando as expedições, patrocinando-as, fixando- lhes objetivos, empregando cavaleiros da sua própria casa como pilotos e também fomentando a iniciativa particular. A sua decidida e perseverante ação transformou os negócios náuticos em empresa estatal, deslocando os objetivos nacionais da terra para o mar. De lavradores, paulatinamente Portugal passava a país de marinheiros.

Em Ceuta, D. Henrique teria conseguido informações sobre os fornecimentos do ouro de Marrocos que, segundo fontes árabes, vinha do interior da África, de Tombuctu, carregado por caravanas de dromedários, através das rotas do deserto. Contornar a estrada árabe, pelo mar, poderia abrir a Portugal o acesso direto às fontes africanas do metal precioso e essa expectativa, associada às necessidades de defesa e a possibilidade de novos contatos comerciais no litoral africano, motivou os primeiros assaltos sobre o Atlântico, em direção ao sul.

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